Juazeiro do Norte Com cerca de 1.900 atendimentos, com mais de 100 pessoas por dia, no Caminhão da Saúde, do projeto do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), foram detectados 35 casos de hanseníase neste município. O trabalho foi desenvolvido em quatro bairros, durante três semanas. Alguns exames estão sendo aguardados e esse número poderá ainda ser maior em relação à doença no município, considerada endêmica. Atualmente estão em tratamento 71 casos na cidade de Juazeiro.O coordenador regional do Morhan, Faustino Pinto, afirma que essa foi uma campanha positiva no sentido de mobilizar as pessoas a procurarem o caminhão para realizar os exames. Segundo ele, os objetivos principais foram atingidos. O Caminhão da Saúde seguiu para Barbalha e está previsto de chegar hoje em Tianguá.Exames de baciloscopiaEm cidades como Olinda (PE), foram detectados por meio do trabalho desenvolvido no caminhão 58 casos, e em Maragogi (AL), 42 casos. O coordenador regional ressalta que foram submetidas 95 pessoas a exames de baciloscopia. As pessoas que tinham algum sinal de forma mais evidente buscaram o caminhão. Casos relacionados a outros tipos de doença foram encaminhados para tratamento em unidades de saúde do próprio município.Os atendimentos por meio do Caminhão da Saúde foram realizados nos bairros Parque Triângulo, Aeroporto, Socorro e Franciscanos. Mas, conforme Faustino, houve atendimento aos moradores de outros bairros da cidade. Muitas pessoas deixaram para procurar o caminhão para a realização dos exames nos últimos dias.A descentralização dos atendimentos dos casos de hanseníase em Juazeiro do Norte começou no ano passado. Antes, conforme Faustino, os atendimentos eram apenas no Centro de Dermatologia. Os postos de atendimento do Programa de Saúde da Família (PSF) são responsáveis nas diversas localidades e fazem o acompanhamento dos pacientes.Mesmo a cidade sendo considerada endêmica, Faustino afirma que hoje a realidade é bem diferente em relação ao número de casos. O município já foi “hiper endêmico” em hanseníase. De acordo com o coordenador, o trabalho com o Caminhão da Saúde mostrou uma quebra na barreira do preconceito, já que houve uma demanda espontânea. As pessoas passaram a procurar o caminhão, sem nenhum problema.O trabalho contou com parceria da Prefeitura Municipal de Juazeiro, que cedeu os profissionais de saúde para os atendimentos e detecção dos casos. O mesmo é previsto em Barbalha e também em Tianguá.Segundo a coordenadora do Programa de Hanseníase e Tuberculose, do Centro de Dermatologia de Juazeiro, Elisângela Matos, a principal preocupação está na busca ativa dos casos.A oferta de tratamento para a demanda de casos que aparecerem é um dos critérios para a cidade receber o Caminhão da Saúde. O veículo foi incluído no trabalho do Morhan nacional há cerca de dois anos, e tem viajado o País. A parceria dos serviços inclui a Secretaria de Saúde, Ministério da Saúde e Novartis, que é um projeto de cidadania corporativa e tem o objetivo de colaborar para eliminar a hanseníase no Brasil por meio de educação, diagnóstico e tratamento da doença.Segundo o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, o projeto é importante para quebrar a barreira do preconceito. Uma das grandes dificuldades ainda é o diagnóstico precoce da doença.Um dos atrativos do Caminhão para chamar o público é a programação cultural realizada todos os dias, em parceria com órgãos de cultura e Sesc. Com isso, diz Arthur, a linguagem da arte é usada como instrumento de conscientização.Fonte