As campanhas – do governo estadual e da secretaria de Saúde do Município – se sucedem, mas a cidade de Imperatriz segue sendo a “campeã” do estado do Maranhão em casos notificados de hanseníase (conhecida popularmente como “lepra”), com índice em torno de 20 infectados para cada 10 mil habitantes. O ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é de um caso para cada 10 mil habitantes.No ano passado, o município registrou 468 novos casos de hanseníase. E nos seis primeiros meses deste ano pelo menos 200 pessoas apresentaram os sintomas da doença. Esses números fazem com que Imperatriz permaneça num incômodo 5º lugar entre as cidades brasileiras mais atingidas pela enfermidade.Para os profissionais de saúde tocantinos, envolvidos com o problema, os maiores obstáculos na guerra contra a enfermidade são a falta de informação da população, a dificuldade em conseguir que os pacientes façam o tratamento adequado e a inacessibilidade aos postos de atendimento.Com o objetivo de superar esses empecilhos e formar multiplicadores, que possam fazer chegar informações sobre a doença, principalmente às famílias de baixa renda, uma série de palestras educativas estão sendo programadas pela Secretaria Municipal de Saúde. A primeira já aconteceu na semana passada, e foi dirigida a sargentos e oficiais do 50º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS).Tragédia silenciosa – A hanseníase assume no Brasil proporções de uma tragédia silenciosa. O país é o segundo do mundo em número absoluto de pacientes, somando até agora cerca de 80 mil vítimas da enfermidade. Perde apenas para a Índia, lembrando-se que a Índia tem uma população cinco vezes maior do que a brasileira. Só no ano passado, foram registrados 38.410 novos casos, segundo o Ministério da Saúde. A taxa brasileira é de 1,48 paciente para cada 10 mil pessoas.A maioria dos portadores de hanseníase do país vive em estados das regiões Norte e Centro-Oeste, onde são registrados 5 casos a cada 10 mil habitantes. O quadro só não é mais grave porque desde o início de 2004 a doença foi eleita prioridade pelas autoridades de saúde no país. No Maranhão – Dos aproximadamente 80 mil portadores de hanseníase no Brasil, perto de 4 mil são crianças. O estado do Maranhão produz, sozinho, 600 novos casos em crianças por ano. Por isso, o Ministério da Saúde começou um plano de mobilização, em conjunto com as secretarias municipais e estaduais de Saúde do estado, para tratar precocemente a doença e evitar novos registros em crianças.Nos últimos anos, mais de 5 mil profissionais de saúde foram capacitados nas ações de controle da hanseníase no Maranhão, aumentando de 19{79cc7c547c82c26ee96fc2fefb6afbdee3eadc00daef34e76e11ca91d3e5e06b} (em 2004) para 33{79cc7c547c82c26ee96fc2fefb6afbdee3eadc00daef34e76e11ca91d3e5e06b} (no ano passado) o percentual de unidades de saúde com o Programa de Eliminação da Hanseníase implantado. Isso significa que todos os municípios maranhenses têm pelo menos um serviço de saúde que presta assistência aos portadores da doença. A cidade de São Luís implantou o programa em 50 postos de saúde. Em Imperatriz, já são mais de 30.Contágio, transmissão e tratamento – A hanseníase – ou “lepra” ou “mal de Hansen”, do nome do cientista norueguês Gerhard Hansen, que identificou o bacilo causador da doença (Mycobacterium leprae), em 1873 – tem cerca de 4 mil anos de registro no mundo. A doença pode acarretar invalidez severa e permanente, se não for combatida a tempo. O bacilo ataca a pele e os nervos, principalmente os dos braços e das pernas. Por isso, a hanseníase aparece na forma de manchas pálidas ou avermelhadas, dores, cãibras, formigamento e dormência nos braços, mãos e pés. Outros sinais são caroços, localizados principalmente nos cotovelos, mãos, face, orelhas e pés. A transmissão da bactéria se dá pelas vias aéreas ou pelo contato direto com as lesões na pele. No entanto, apenas uma das formas da doença é transmissível, e, mesmo assim, depois de intenso e prolongado contato com o infectado. O tempo d