Ainda morando nas dependências do Instituto Lauro de Souza Lima, que foi criado em 1933 como Asilo-Colônia Aymores, onde eram internados os portadores de hanseníase do Estado de São Paulo e região, Roberval está comemorando a indenização que recebeu por ter sido segregado da sociedade no passado. Ele é um dos 87 de Bauru beneficiados com pensão vitalícia de R$ 750,00 mensais paga pelo governo federal como indenização. Outros 400 estão com processo em andamento. Em todo Brasil, são cerca de nove mil solicitações de indenização em andamento. A notícia da aprovação do processo de Roberval (nome fictício por questões de segurança) veio na véspera do Natal do ano passado quando seu nome foi publicado em uma relação com mais 74 beneficiados de todo o Brasil. O Lauro de Souza Lima enviou para Brasília os processos requerendo a indenização com base em um decreto presidencial concedendo o benefício para quem permaneceu internado compulsoriamente até 1986. Os pacientes da ex-colônia tiveram seus requerimentos deferidos entre dezembro de 2007 e o último dia 23, conforme dados divulgados no site do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Jaime Prado, integrante do MORHAN e representante no Lauro do projeto Global de Preservação da História dos Hospitais Colônias do Brasil, explica que a avaliação dos pedidos de pensão é rigorosa. Roberval recebe cerca de R$ 750,00 mensais. No caso dos contemplados da ex-colônia do Lauro de Souza Lima, o valor é retroativo a julho do ano passado. Com o dinheiro, Roberval pretende ajudar familiares que residem em Itápolis. De lá ele saiu com 16 anos para se tratar e viver na ex-colônia em Bauru. Roberval comenta que deseja ser enterrado no túmulo de sua irmã e mãe, que chegou para tratamento no hospital bauruense em 1935 e faleceu na unidade hospitalar. A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de alto potencial incapacitante por causar deformidades, principalmente nas mãos e pés.O Instituto Lauro de Souza Lima foi criado em 1933 como Asilo-Colônia Aymores onde eram internados os portadores de hanseníase. Em 1989, transformou-se em instituto de pesquisa e hoje é centro de referência na área de dermatologia geral e , em particular, da hanseníase. Além dos serviços na área de dermatologia, também realiza atividades voltadas à pesquisa, ensino, reabilitação física, terapia ocupacional, fisioterapia e cirurgias plásticas corretivas.Por Ricardo Santana (Jornal da Cidade)