O MORHAN vem desenvolvendo um trabalho de busca dos pais e filhos que foram separados na década de 20. A coordenação da entidade no Acre entrou com afinco no movimento para reunir novamente as famílias. A dificuldade é que antes de promover o reencontro, existe todo um processo de busca e localização dessas pessoas, que exige tempo e que muitas vezes não se consolida em função de algumas já terem falecido. Como parte desse processo, ontem a coordenação no Estado reuniu um grupo de associados no auditório do Sebrae/Centro para discutir a questão e tirar dúvidas sobre o Projeto de Lei proposto pelo senador Tião Viana, visando à indenização dessas famílias. O coordenador acreano, Elson Dias afirma que aos poucos e depois de muitos anos de espera dessas pessoas, os reencontros estão sendo promovidos. “As crianças eram separadas das mães imediatamente após o nascimento. Os adultos eram levados para a colônia de hansenianos e os bebês para o abrigo, o antigo Preventório”, lembra. A dona de casa Maria Helena Pedrosa foi uma das crianças arrancadas dos braços da mãe logo ao nascer. Ela chora ao lembrar os dias de solidão e garante que nada substitui o carinho de mãe. “O encontro depois não é a mesma coisa porque a infância foi toda perdida”, declara. Maria Helena lembra que viveu 18 anos no Educandário de Cruzeiro do Sul e reclama da infância amargurada e sofrida junto com outras crianças que dividiam o mesmo drama: o abandono. “A indenização proposta pode ajudar, mas não trás conforto”, ressalta ela, ao destacar que qualquer ação hoje é tardia para quem passou toda a infância e juventude em internato. O aposentado José Gomes da Silva, reencontrou a filha depois de 16 anos de separação. “Minha filha foi separada da família ao nascer e prometi a ela que um dia eu a teria de volta. Isso aconteceu 16 anos depois, quando sai da colônia de hansenianos e a procurei no Educandário. A gente se via através grades”. Fonte: Página 20