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Comunicação e Direitos Humanos estão diretamente conectados, para promover os DH, é preciso uma comunicação respeitosa e que não viole os direitos e a imagem das pessoas atingidas pela hanseníase.
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No dia 28 de janeiro, o jornal O Globo, de circulação nacional e internacional, veiculou uma matéria que trazia em seu título a palavra “lepra”, com a imagem de uma mulher negra africana com severas sequelas da doença, além de erroneamente vincularem a doença à “promiscuidade”, uma sequência de erros gravíssimos acerca da doença e que fere os direitos das pessoas afetadas por ela.
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A Hanseníase é uma doença crônica, transmissível e curável através do tratamento com a poliquimioterapia, distribuída gratuitamente nas unidades do SUS. Infelizmente, ela continua sendo uma doença negligenciada e um problema de saúde pública para um grupo de 23 países, em que persistem alta carga da doença, estigma e discriminação contra as pessoas afetadas e seus familiares. A exemplo do Brasil, que ocupa a segunda posição em número absoluto de casos no mundo, perdendo só para a índia. A hanseníase é uma doença de alta infectividade, isto é, muitas pessoas entraram em contato com o agente causador, e baixa patogenicidade, o que quer dizer que poucos são os que de fato irão adoecer.
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O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase – Morhan, enfatiza que as palavras importam, sobretudo aquelas que são usadas para definir experiências de vida atravessadas por estigma, como as que dão nome a doenças como a hanseníase. Segundo o vice-coordenador do Morhan, Faustino Pinto, “esta palavra e seus derivados parecem inofensivas, mas guardam sentidos perversos”, afirma. A hanseníase antigamente era conhecida como lepra ou mal de Lázaro, pois era associada a impureza, pecado e desonra e muitas vezes confundida com outras doenças de pele. Atualmente, o nome lepra carrega todo o preconceito com as pessoas que têm a doença, seja pela falta de conhecimento, de estudos e de medicamentos. s pessoas com hanseníase eram enviadas aos antigos leprosários, onde ficavam excluídos da sociedade, não entravam em igrejas, usavam luvas, carregavam sinos para que o barulho anunciasse sua chegada.
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Apenas em 1962 a internação compulsória dos doentes deixou de ser regra e em 1981, a Organização Mundial de Saúde passou a recomendar a poliquimioterapia para tratamento e cura da doença. Desde 1995 o termo lepra e seus derivados foram proibidos no Brasil, com a finalidade da diminuição do estigma, pela Lei Federal Nº 9.010, de 25 de março de 1995. o Brasil foi o primeiro país no mundo a adotar o termo hanseníase como medida para enfrentamento a discriminação. O próprio Jornal O Globo publicou no dia 17 de janeiro de 2022 sobre a decisão da Justiça Federal que proíbe o ex-presidente Bolsonaro e servidores federais a se referirem à hanseníase como lepra.
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O Morhan salienta que a hanseníase não é uma infecção sexualmente transmissível, como a matéria sugere com o termo “promiscuidade”, e que as sequelas apontadas na foto que ilustra a reportagem só acontecem quando a doença não é tratada a tempo de barrar as sequelas físicas, quando detectada precocemente, a hanseníase não causa deformidades. Veicular esta foto viola o Conselho de Direitos Humanos da ONU, os Princípios e Diretrizes para eliminação da discriminação contra as pessoas afetadas pela hanseníase e seus familiares, que tece recomendações sobre comunicação para redução do estigma e discriminação.
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De acordo com A Estratégia Global de Hanseníase 2016-2020 e a de 2021-2030 (OMS), assim como o Roadmap para doenças negligenciadas, que trazem em seu escopo a meta da eliminação da discriminação, “ao postar uma matéria com a imagem de uma mulher negra, pobre e com sequelas da doença, estigmas cruzados são reforçados. Entre eles o racismo, a questão do gênero e da classe social. Além disso, trabalha a perspectiva de poder e geração de medo pela informação de cunho estigmatizante e discriminatório”, salienta Paula Brandão, da diretoria nacional do Morhan, enfermeira professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
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O Morhan, desde 1981 luta pela inclusão social, direitos humanos e contra a discriminação as pessoas afetadas pela hanseníase e seus familiares. Por isso, é importante destacar que matérias como essa não favorecem a busca ativa de novos casos, aumentam os equívocos na informação sobre a doença e também a discriminação as pessoas afetadas.
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Confira a Cartilha Hanseníase e Comunicação produzida pelo Morhan:
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https://bit.ly/MORHANcartilhaCOMUNICACAO
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