Museu em memória de Conceição Costa Neves será inaugurado em abril

Museu em memória de Conceição Costa Neves será inaugurado em abril

Em 2008, a deputada Conceição da Costa Neves completaria 100 anos, se fosse viva. Conhecida por lutar contra o preconceito sofrido pelos portadores da doença, será homenageada neste ano. Um vasto material histórico sobre a vida e o trabalho da parlamentar estará exposto no museu Silas Braga Reis, situado dentro das dependências do Instituto Lauro de Souza Lima. A inauguração do museu, que já conta com objetos históricos sobre a trajetória do próprio instituto em Bauru (São Paulo), será no dia 13 de abril – data em que a instituição completará 76 anos. O público poderá “viajar no tempo” com as fotos da deputada ao lado de personagens históricos do cenário político nacional, como o ex-presidente Getúlio Vargas. Essa foto, por exemplo, feita no Rio de Janeiro, documenta a assinatura da lei (número 1.430) que reconheceu o direto ao voto para pessoas com hanseníase. O museu ainda conta com muitos outros objetos de valor histórico da deputada. O gravador usado por Conceição para gravar seus programas na Rádio Tupi de São Paulo é um deles. “É um gravador de rolo italiano fabricado em 1937 e ainda funciona”, conta o cinegrafista Jaime Prado. Prado informa que todo o material histórico sobre a vida e obra de Conceição da Costa Neves foi doado pela família dela com o intuito de preservar a memória e mostrar à sociedade o valor da luta e das conquistas de Costa Neves. Ao longo de sua vida, ela adquiriu medalhas, diplomas e condecorações pelo trabalho no cenário da política nacional. Quem dá muito valor ao trabalho de Conceição é o aposentado Nivaldo Mercúrio, 81 anos. Ele vive no instituto Lauro de Souza Lima desde os 17 anos e conta todo o seu sentimento em relação à “mãe dos hansenianos”. “Para mim, ela foi e sempre será uma mãe. Me trouxe a liberdade que perdi quando vim para o Lauro de Souza, em 1945”, conta. Hoje Nivaldo sorri ao contar as histórias do seu passado no instituto, que antes servia como uma área de isolamento para os “leprosos”, como eram chamados na época. “Éramos tratados como criminosos. Quando a doença era detectada, éramos tirados do seio das nossas famílias e tratados como prisioneiros aqui. Por isso a importância de homenagear a deputada Conceição da Costa Neves. Ela lutou até o último dia contra o fim do preconceito que sofríamos e nos devolveu o sorriso no rosto”, conta o aposentado. O trabalho de Costa Neves deixou frutos e bons exemplos. Valdenora da Cruz Rodrigues viaja o mundo levando informações sobre a hanseníase e lutando pelos direitos dos pacientes. Ela, que é a primeira secretária geral da Secretaria Executiva do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase  (MORHAN) Nacional, conta que, sendo uma portadora da doença, admira a vida e a obra da deputada. Por Ana Paula Pessoto, do Jornal da Cidade.