Relatório – Associação Fraternal Dr. Lauro de Souza Lima

Relatório – Associação Fraternal Dr. Lauro de Souza Lima

Dos cinco hospitais colônias construídos em São Paulo á época do isolamento o hospital Padre Bento foi o único que se descaracterizou dos demais após o período pós-cura. Localizado numa cidade estratégica da Grande São Paulo, próximo de três importantes rodovias, Outra, Fernão Dias e Trabalhadores com previsão rápida de crescimento populacional o “Padre Bento” teria que ser adaptado á expansão de uma Guarulhos com um milhão de habitantes, enquanto o “Francisco Ribeiro Arantes”, Arnaldo P. Cavalcanti e o “Lauro Souza Lima” mantiveram e ainda mantém paciente internados, ‘ principalmente por motivos sócio-econômicos, o 1/ Padre Bento 1/ aos poucos foi se adaptando as necessidades da era SUS. Esta breve radiografia é a partir da década de 1980 quando pela primeira vez pacientes não hansenianos passaram a ocupar leitos no hospital, fato que levou a comunidade à convocação  de varias assembléias para discutir a nova realidade e também a criação de uma comissão permanente Que acompanhasse junto a Direção do “Padre Bento 11 o que fosse acordado sobre o total de leitos para o seguimento mH. Inicialmente foi aprovado o total de 120 leitos, proposta encaminhada á Direção, mas não aceita.A comissão composta pela médica Thais Romero Gatti, Cleusa Soares, auxiliar de enfermagem, Angelina Lopes, representando o MORHAN na condição de assessora social e mais quatro egressos completaram a Comissão. Em seguida o total ‘caiu para 80 leitos, depois para 40,20 e por fim para a criação de leitos de dermatologia que seriam ocupados tanto por MH como por OM. Uma medida que decepcionou, com ânimos exaltados e reuniões acaloradas a ponto de ambas as comissionadas terem recebidos da direção do hospital pressão para deixar a comissão,tendo a médica relutado,mas por fim cedendo e recebendo suspensão.

Mas o mais grave nesta fase foi à fratura que se abriu na comunidade, da divisão equivocada da realidade daquele momento, do emocional extremado repetindo sem cessar que estávamos perdendo o “Padre Bento”. A comissão foi reestruturada e regularmente de reunia com a Direção, período em que o acesso da população aos poucos aumentava eRelatório

a necessidade de leitos para MH passou a sofrer demanda reprimida, situação que a reclamação era constante. Na década de 90 o Secretário Estadual da Saúde assinou Portaria oficializando e regulamentando a Comissão Representativa dos Pacientes e ex Pacientes Hansenianos do Hospital Padre Bento. A destacar o empenho do Wagner Nogueira no que constituiu um ato inédito em termos de colônias no País. Uma realidade que refletiu positivamente por valorizar o conjunto formado por representantes da Caixa Beneficênte Padre Bento e Associação Fraternal Dr.Lauro de Souza Lima. A partir daí os acordos firmados com a Direção no tocante aos agendamentos de consultas e exames se baseavam em prazos pequenos! Mas as internações ainda eram restritivas á medida que a demanda SUS aumentava gradativamente. Quase na mesma época um fato chamou a atenção. O nome “Padre Bento” havia sido suprimido quando a nova denominação passou a se chamar Complexo Hospitalar de

Guarulhos. A medida foi interpretada como sendo o último vestígio histórico a incomodar o Governo do Estado a ser eliminado, ao sinalizar que o Hospital precisava definitivamente romper com o passado, mesmo tendo que acomodar a história no lixo. Mas o ato insensato gerou reação e a Associação Fraternal passou a recolher assinaturas em abaixo assinados e entregando a então Deputada Estadual Roseli Thomeu que também se indignou com o desrespeito á memória ao se empenhar no legislativo pela aprovação do retorno do nome “Padre Bento”. A criação de uma carteirinha com dados e fotos do MH representava em todos os setores do “Padre Bento” prioridade de atendimento. Há pouco mais de dois anos a comissão representativa deixou de se reunir com a diretora, Dra. Madalena Bazzo. Que motivos houve para tal decisão unilateral? É certo que qualquer representação tem de estar consciente do papel assumido, de evitar que as sucessivas reuniões se tornem aborrecidas e desgastantes, permitindo algumas vezes que a pauta da discussão no seu transcorrer seja alterada, cujo resultado final quase sempre não é o desejado. O presente relatório toca na critica quanto na autocrítica, mas não deixando de considerar o fato significativo dos prejuízos advindos de uma comissão que se desfez. Mas a Associação Fraternal entende que os prejuízos são maiores de uma comissão inexistente, por isso deverá discutir entre seus membros a questão. Se reunindo dia 02 deste mês com Relatório a Diretora, momento que a Associação Fraternal fez entrega de um oficio falando do estado de degradação em que se encontra a Pergola do Hospital, construída há 80 anos e tombada pelo Patrimônio Histórico, enfatizamos a necessidade de retomar as atividades da Comissão. Trata-se de um compromisso que independe de mudanças no conjunto, pois, em qualquer circunstancia os comissionados precisam se conscientizar do papel assumido, de uma atuação firme no sentido de assegurar bom atendimento com prioridade. Consultas, exames, internação, fisioterapia itens básicos os quais serão o centro no dialogo com a Dr. Madalena Bazzo,que todos esperamos seja produtivo.O teor deste relatório traduz o pensamento da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal da Associação Fraternal Dr.Lauro de Souza Lima.