Separada pelo Isolamento, Lenilde Ramos lança livro com sua história

Separada pelo Isolamento, Lenilde Ramos lança livro com sua história

‘História sem nome – Lembranças de uma menina quase gêmea’ relata realidade de pessoas afetadas pela hanseníase
Redação SRZD

 

O livro “História sem nome – Lembranças de uma menina quase gêmea” é o primeiro livro da musicista e compositora Lenilde Ramos, e foi lançado em julho deste ano. A obra relata a experiência vivida pela própria autora sobre a realidade de pessoas afetadas pela hanseníase, em uma época que a medicina oferecia poucos recursos. Os doentes enfrentavam preconceitos e viviam isolados em colônias.

A autora, nascida em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, conta sobre sua infância agitada, marcada pela vida no internato de freiras, a estrada de ferro, a música, o cinema antigo, em um texo coloquial e bem humorado.

Leia abaixo a resenha do livro, escrita por Nair Rezende, colaboradora do SRZD, e publicada em seu blog “Vida de Aposentada”

Uma mulher de fibra e coragem

São 17h43min. Horário de Verão nesta Terra Maravilhosa. Raios de sol invadem as vidraças da casa. Quentes. Ardentes. Luminosos. Bonitos. Acabo de ler o livro. São 307 páginas de uma história envolvente com lembranças da autora que, em nenhum momento cita nome de ninguém.História Sem Nome: lembranças de uma menina quase gêmea, de Lenilde Ramos, 2014, uma publicação da Gráfica Alvorada.

Foi com emoção que li sobre as guaviras, tamarineiros, jabuticabeiras e jaqueiras. Falou da cidade de terra vermelha, que é a minha Campo Grande, a ‘Cidade Morena’. A cidade da minha infância. Em sua narrativa, com passagens tristes, mas nunca piegas, ela caminha sobre os meandros dos acontecimentos até com uma certa ternura e humor. Ela faz descrição tão bem feita, que a gente se coloca ao lado dela, vendo-a perfeitamente. Parece que a gente até conhece a sua irmã, o seu pai ou as freiras. Sente-se cheiro, medo, preconceito e todo tipo de sensações. O abandono do leprosário é uma coisa muito triste. Mas até nisso, Lenilde dá a volta por cima.

Lenilde fala de seu talento de uma forma suave. Quase sem perceber a gente vai se embrenhando pela sua vida, pelos meandros da arte e quando se percebe descobre-se que ela está mergulhada na arte. O livro é uma melodia, mesmo nos momentos mais profundos do descaso, do abandono e das tragédias ali ocorridas. Lenilde nos traz emoção, preocupação e um pedido de socorro para o leprosário que ela ajudou na sua reconstrução e transformação em hospital. É verdadeiramente uma mulher de fibra e coragem.

Fonte: Sidney Rezende