9 de junho de 2006

9 de junho de 2006

Academia Brasileira de Letras e Fiocruz relançam Rondonia, de Edgard Roquette-Pinto

Publicado pela primeira vez em 1917, “Rondonia” é um clássico das ciências sociais brasileiras. Escrito pelo polivalente Edgard Roquette-Pinto, o livro é resultado da expedição que seu autor promoveu em 1912 à Serra do Norte, numa região dividida atualmente entre os estados de Mato Grosso e Rondônia – este último não existia ainda como unidade da Federação, o que só veio a ocorrer em 1943, com a criação do Território do Guaporé, que reunia terras de Mato Grosso e do Amazonas. Roquette-Pinto fez a viagem ao participar, a convite de Cândido Rondon, da Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas que percorreu aquelas vastidões do Norte do país, travando contato com diversas tribos indígenas. Esgotado há mais de 30 anos, o livro ganha agora a sua sétima edição, em lançamento conjunto da Academia Brasileira de Letras (ABL) e da Editora Fiocruz – que com a republicação lembram também os 50 anos de morte de Roquette-Pinto, que foi médico, antropólogo, radialista, escritor, cineasta e educador, entre outras atividades. E também membro da ABL, para a qual foi eleito em 1927.Esta nova edição, que traz fac-símile da primeira, permite descortinar um território que, décadas depois, já não é mais o mesmo. O país se desenvolveu, se urbanizou e se industrializou, a população cresceu bastante, viu parte significativa de suas florestas virem abaixo e a maioria de seus índios foram contatados e assimilados. Ao ler Rondonia, volta-se no tempo, a um tempo em que o Brasil estava para ser feito e com rincões para serem descobertos e mapeados. A expedição de quatro meses e 1.300 quilômetros da qual Roquette-Pinto participou, e que se tornou célebre pelo livro, inspirou outras viagens, como a feita pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss na década de 30. O livro reflete as posições do cientista social brasileiro e o seu debruçar-se sobre um mundo distinto daquele vivido pelos acadêmicos da então capital da República – não à toa a obra é muitas vezes comparada a Os sertões, de Euclides da Cunha, outro livro que ajudou a revelar o país e cujo autor chamava Roquette-Pinto de “cientista e poeta”. O Brasil descobria o Brasil.Considerado pelo próprio autor como a transcrição de um caderno de campo, Rondonia elenca informações sobre plumária, cerâmica, cestas, instrumentos musicais e até parasitas coletados entre os povos indígenas pela expedição. Há comentários sobre doenças como leishmaniose, malária, sífilis, hanseníase e outras enfermidades encontradas, em especial entre os nambikwára e os paresí. Antropólogo e etnógrafo, revelador de um Brasil que começava se olhar mais profundamente, Roquette-Pinto relata na obra – recheada de fotos e ilustrações – costumes, tradições, danças, jóias, artefatos, armas e todo o dia a dia dos povos visitados, além de citar animais, insetos, peixes, aves, o clima e a geografia da Serra do Norte. Rondonia também traz um vocabulário de termos nambikwára e paresí.

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Qualidade de vida é tudo!

Três técnicos da Oficina de Ortopedia da Secretaria Estadual de Saúde viajam na próxima semana para Mato Grosso onde passarão três meses no Centro de Reabilitação de Cuiabá onde vão aprender novas técnicas que melhorem ainda mais a fabricação de próteses e orteses, especialmente coletes para a imobilização ou correção de acidentados.A oficina de ortopedia de Rio Branco é a mais antiga e considerada a melhor da Amazônia atendendo não apenas os pacientes do Acre, mas tendo orientado a instalação da oficina de Porto Velho, à qual ainda oferece orientações, como também a pacientes do Estado do Amazonas, bolivianos e peruanos que buscam socorro em Rio Branco.Especializadas na fabricação de pés, pernas e outros membros mecânicos para serem usados como próteses por pessoas que perderam seus membros. Também fabrica orteses (aparelhos corretivos) para quem sofreu acidentes ou sofre de algum mal que prejudique o bom funcionamento de algum de seus membro ou cause desconforto, como é caso dos desvios da coluna vertebral.Uma nova vidaAdalberto Paulino de Souza, 53 anos, vítima da hanseníase, sofreu durante anos com a deformação de seus pés que o impediam de movimentar-se livrevemente, o que o tornava quase que totalmente dependente de outras pessoas, até que em 1994 teve uma forte infecção que obrigou os médicos a amputarem suas duas pernas na altura dos joelhos.O que deveria ter sido uma tragédia é hoje motivo de agradecimento de Paulino. “Antes de ter estas pernas mecânicas meu pés eram aleijados, não podia andar, então tinha de ficar esperando as pessoas fazerem as coisas para mim. Eu vivia tão triste que adoecia e os pés viviam infeccionando. Depois que as pernas foram amputadas e ganhei estas pernas mecânicas minha vida melhorou muito, faço tudo o que quero; só não jogo futebol, mas um amigo meu que tem pernas iguais às minhas vai pra festa e dança a noite inteira”.Paulino foi terça-feira à oficina para trocar as pernas que já estavam gastas. “Quando dá algum problema a gente vem aqui na oficina, eles examinam as peças, consertam se ainda tiver jeito, quando não tem, como o caso desta que foi dilatando com o tempo de uso, eles fazem outra nova como esta que estou recebendo agora. Eles são muito bons pra gente”.O ancião foi atendido pelo técnico em proteses e orteses, José Robernei Nogueira do Nascimento, 29 anos, 2 filhos que há 12 anos trabalha na Oficina Ortopédica onde aprendeu tudo o que sabe. Ele é um dos três técnicos que irão para o treinamento em Cuiabá. “Comecei a aprender com o Davi que trabalha aqui com a gente, daí me mandam fazer cursos em São Paulo, vieram especialistas para nos treinar aqui mesmo e agora vou para Cuiabá a fim de aprender novas técnicas. Este não é um trabalho fácil porque cada prótese ou equipamento corretivo tem de ser feito de modo a adaptar-se a cada paciente, por isso não existem duas peças exatamente iguais. Minha satisfação é ver pessoas como seu Paulino sair daqui dando pulinhos de alegria com pernas novas”.Já Raimundo Pereira de Lima, 70 anos, pai de 12 filhos perdeu a perna há dois anos por causa de um acidente de moto. “Fiquei triste quando o médico disse que ia ter de cortar a minha perna, mas encarei a realidade. Logo vim para a oficina e ganhei uma perna nova. Não é tão boa quanto a antiga, mas com ela posso fazer tudo o que quero e levo uma vida normal. Tanto é assim que, nesse período fiquei viúvo e até já casei de novo, é uma princesa”.Eterno aprenderDavi de Miranda trabalha como técnic

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