24 de abril de 2010

24 de abril de 2010

Proporção de cura da hanseníase aumenta no Piauí

A hanseníase é um grave problema de saúde pública. Seu plano de controle está entre as ações de relevância nacional. O Brasil é o segundo país com a maior quantidade de casos da doença, perdendo apenas para a Índia. No Piauí, a doença atingiu 2.385 pessoas no ano de 2008. Em 2009, os registros tiveram uma redução de 973 casos, sendo notificados 1.412 casos.O Ministério da Saúde estabelece parâmetros para proporção de cura de hanseníase nos anos das coortes (período de estudo dos dados), os quais são classificados como Bom (maior ou igual a 90{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f}); Regular (de 75{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f} a 89{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f}) e Precário que aponta resultado acima de 75{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f}.A proporção de cura da hanseníase no Piauí, no ano de 2002 foi de 76,1{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f}. No ano de 2006, a cura chegou a 76,4{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f}. Em 2008, o percentual alcançou 81,5{deccdd85071b3acddfab05bd5c5ba5310fd81d998ef01e5aec4f6f90a92afc1f}.Esta crescente proporção de cura para a maioria dos anos apresentados pode ser apontada como resultado de ações como o fortalecimento de atividades de monitoramento desenvolvidas pela Secretaria de Estado, junto aos municípios, supervisão e capacitações continuadas em serviço.Em março deste ano, a Secretaria Estadual da Saúde lançou a campanha “Hanseníase tem cura” – para alertar a população sobre os riscos da doença. Todo material educativo (cartazes, folder´s e outdoors) destacaram sobre o tratamento e sintomas.A campanha, que foi pensada para ser difundida durante todo o ano, principalmente nos municípios, chamou a atenção para a notificação dos casos da doença e do tratamento gratuito que não precisa de internação.Em 2009, o Estado implantou a estratégia da supervisão descentralizada, onde os 11 territórios do Piauí possuem supervisores capacitados em assistir o programa de controle da hanseníase em todos os municípios. “Isso permite que a supervisão estadual possa realizar ações mais estratégicas, tais como o acompanhamento com freqüência das atividades realizadas pelos municípios mais endêmicos, o aumento do número de capacitações para os profissionais de saúde, campanhas de maior impacto para a população, entre outras ações”, explicou a coordenadora estadual de doenças transmissíveis, Karina Amorim.Entre os municípios do Estado que mais notificaram a doença nos anos de 2008 e 2009, Teresina lidera a lista com 1.399 casos. Em seguida, está a cidade de União, com 201 registros e Floriano, com 187 casos. Parnaíba ocupa o quarto lugar, com 184 notificações.Fonte: Secretaria Estadual de Saúde do Piauí

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Doença separa famílias e cria ‘órfãos da hanseníase’

Fã do cantor Roberto Carlos, a auxiliar de limpeza Rita Evangelista, 53 anos, sorri ao revelar sua música preferida. É “Calhembeque”, da época da Jovem Guarda. Ela gosta também das canções românticas, mas o iê iê iê está na frente.Falar de música é um refresco para a mulher que tem a vida marcada por uma separação dramática. Ela nasceu no antigo Asilo-Colônia Aymorés, do Instituto Lauro de Souza Lima, filha de pais portadores de hanseníase. Logo foi retirada dos braços da mãe e levada para um educandário em Jacareí, no Vale do Paraíba, onde ficou até os 6 anos. A permanência de crianças era proibida na colônia e Rita foi obrigada a passar os primeiros anos de sua infância longe dos pais. Quando a mãe teve alta, foi buscá-la. As duas viveram juntas apenas alguns meses. Lídia, uma morena bonita e vaidosa, sofreu recaída e voltou a ser internada na colônia. Morreu pouco depois. Até hoje Rita chora ao contar sua história. “Fiquei muito pouco tempo ao lado dela”, lamenta. “Isso marca a gente. Não tive o carinho de mãe”.Na época, os portadores de hanseníase eram isolados da sociedade enquanto recebiam tratamento. Crianças nascidas nos asilos-colônias, conhecidos como leprosários, eram levadas para os educandários, onde cresciam até ser resgatadas pelas famílias ou adotadas. Outras viram os pais serem arrancados de casa por causa da doença e ficaram anos sem contato.CampanhaSão esses filhos separados dos pais que o MORHAN (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase) cadastra por meio de uma campanha nacional. O objetivo é fazer uma mobilização para que essas pessoas sejam indenizadas pelo governo federal, a exemplo do que já acontece com os portadores de hanseníase internados compulsoriamente até  1986 e que foram beneficiados por pensão mensal de R$ 750.Os filhos separados dos pais devem preencher um formulário preparado pelo Morhan para que suas situações sejam analisadas e a mobilização ganhe força.A entidade já cadastrou cerca de duas mil pessoas – 15 são de Bauru.Rita está entre eles e comove todos que ouvem sua triste saga de menina que não pode ter a mãe ao lado.Ela tem poucas lembranças dos poucos meses em que viveu ao  lado de Lídia, mas o fato de a mãe estar sempre bem arrumada nunca saiu de sua cabeça. A única filha da auxiliar de limpeza, Cristiane, 23, herdou da avó que nunca conheceu o jeito vaidoso. Rita olha para a filha e revê a mãe perdida. O segundo marido dela, João Soares da Silva, também teve hanseníase e, a exemplo dos sogros, precisou afastar-se da família durante o tratamento.A vida já foi cinza e, talvez por isso, eles hoje moram numa casa colorida e lotada de fotos e imagens de santos, no bairro Santa Terezinha, ao lado da antiga colônia. O próprio João pintou os cômodos da casa de azul, amarelo, vermelho…Elias veio do Acre e é um dos líderes do movimentoLibanês, o pai de Elias de Souza Freitas, 74, gostava de contar para os quatro filhos as histórias da coleção “As 1001 noites”. “Posso dizer sem medo de errar: meu pai foi um sábio”, orgulha-se. As longas conversas com o pai no Acre, onde nasceu, deram a base para Elias enfrentar a doença que o atingiu quando já morava em São Paulo e trabalhava na antiga TV Excelsior, onde atuou na produção.Portador de hanseníase, aos 37 anos precisou se internar no asilo-colônia de Bauru. Ficou cinco anos sem colocar os pés na rua. Morava num pavilhão, com outros doentes. Depois, ganhou autorização

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