20 de agosto de 2010

20 de agosto de 2010

Os filhos separados e a questão histórica das colônias

“Até o sono era compulsório”. Com essa frase, que iniciou o encontro das pessoas que foram separadas e isoladas dos seus pais, portadores da hanseníase, na infância e levadas aos preventórios – e foi proferida pelo meu amigo voluntário do MORHAN, Ondiny Flaustino, ao se referir aos remédios que eram dados as crianças para que dormissem e desse menos trabalho – quero aproveitar e completar meu pensamento em relação à mesma reunião que aconteceu no dia 11 de abril de 2010, no Salão de Multi-Uso da Sociedade Beneficente Dr. Enéias de Carvalho Aguiar, localizada dentro do Instituto Lauro de Souza Lima.  Primeiramente, gostaria de relatar à nossa sociedade sobre essas pessoas que deram pouco interesse para este encontro, e desconhecem a verdadeira história. Esses filhos separados têm RG e identidade e merecem o nosso respeito, não sendo culpados pelo ocorrido no passado. O Parque Santa Terezinha, em Aimorés, ainda tem vários casos a ser resolvidos. Depois de ouvir os relatos até então desconhecidos, sinto a obrigação e o direito de divulgar essa história, principalmente do antigo Asilo-Colônia Aimorés, que completou no dia 13 de abril deste ano 77 anos de história – e que vai caindo no esquecimento. A data quase passou despercebida, mas a história do passado nos dá subsídios para que as futuras gerações tenham conhecimentos sobre os fatos.  Turista é aquele que visita fotografa e vai embora – sentimento histórico é, para este maluco, tentar preservar e fazer algo para manter a história. Faço um convite à sociedade bauruense aos historiadores, para conhecer meu trabalho através do meu blog (jpradoo.blogspot.com) e meu Orkut (jpradotv@yahoo.com.br). Embora sem o devido reconhecimento, vou enfrentando as barreiras sozinho. Após a reunião do dia 11 de abril, aonde as voluntárias do MORHAN vieram de São Paulo para a reunião com a direção da Sociedade Beneficente e os filhos que foram separados para os esclarecimentos sobre o Recadastramento dos filhos separados e isolados compulsoriamente de suas mães. Ao ouvir alguns depoimentos emocionados dos filhos que diziam que “o educandário era uma prisão, um local de tortura”, sinto ainda mais vontade de batalhar em benefício desta causa justa, muito embora sem apoio. Eu, enquanto cidadão bauruense, um maluco apaixonado pela história do antigo Asilo-Colônia Aimorés, tenho o direito e a obrigação de preservar e manter viva essa história. Jaime PradoVoluntário MORHAN BauruMtb: 38076 – Projeto História

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Filhos de portadores de hanseníase reivindicam indenização por terem sido separados dos pais

Os filhos de portadores de hanseníase – vítimas de uma antiga lei brasileira que obrigava que os pais com essa doença se separassem do filho imediatamente após o parto – querem, agora, ser indenizados pelo Estado por danos emocionais e econômicos.Cerca de 200 filhos de moradores dos antigos hospitais colônia, locais para onde eram levados os portadores de hanseníase entre as décadas de 1930 e 1980, foram recebidos ontem (19) pelo ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e pelo chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e apresentaram um dossiê elaborado pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseniase (Morhan).O coordenador nacional do movimento, Artur Custódio Moreira, explicou que, assim como os pais foram vítimas de um tratamento desumano no passado, e hoje são indenizados por isso, os filhos dessas pessoas também sofreram consequências. Segundo ele, apesar de o Brasil ter acabado com o isolamento dos portadores de hanseníase em 1940, até 1976 os filhos dessas pessoas ainda eram separados dos pais.“A nossa tese é: se tinha que ter acabado com o isolamento na década de 1940, quando surgiu a cura, e o Brasil continuou isolando até 1976, e se o Estado reconheceu que tem que indenizar essas pessoas, então as crianças também sofreram e merecem indenização. A gente quer que essas pessoas também sejam indenizadas”, disse Moreira à Agência Brasil.O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, afirmou que o governo pretende ouvir os filhos dos ex-moradores dos hospitais colônia e discutir internamente a viabilidade do pedido. Segundo o ministro, a possibilidade existe, mas é preciso analisar as questões legais.“A possibilidade [de pagamento de indenização] sempre existe. Mas temos que ouvir agora, tentar discutir concretamente o número, as condições e fazer dentro do governo reuniões com diferentes áreas para ver as possibilidades jurídicas, legais, se por projeto de lei, medida provisória. Temos que ver a questão orçamentária e o calendário. Estamos abertos para ouvir”, afirmou Vannuchi.De acordo com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, cerca de 3,5 mil pessoas já preencheram um cadastro declarando que são filhas de ex-moradores de hospitais colônia.Reprodução: Agência Brasil

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