26 de janeiro: Dia Mundial de Combate à Hanseníase

26 de janeiro: Dia Mundial de Combate à Hanseníase

Data reforça a importância do conhecimento sobre a doença para o diagnóstico precoce e para o enfrentamento do preconceito


O próximo domingo, dia 26 de janeiro, será marcado pela celebração do Dia Mundial de Combate à Hanseníase. Instituída em 1954 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a data visa promover, em diversos países do mundo, uma maior conscientização sobre a doença. Nesta data, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) participará da Ação Global, em Itaboraí. Durante o evento, que acontece das 8h às 16h, médicos voluntários  atenderão na unidade móvel para diagnóstico imediato da doença, encaminharão os pacientes ao tratamento e levarão mais informações sobre a hanseníase.

A hanseníase tem cura e, no Brasil, o tratamento – que interrompe a transmissão da doença em 48 horas – é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Neste cenário, o país teria todas as condições para eliminar a hanseníase. No entanto, segue ocupando o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência da doença, com cerca de 30 mil novos casos identificados anualmente em todo o território nacional, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde. Em 2012, o coeficiente de detecção foi de 17,17 por 100 mil habitantes na população em geral.  Em menores de 15 anos, o coeficiente foi de 4,81 por 100 mil habitantes, redução percentual acumulada de 40{561d16db4d1269706aaa7311342f82bba6767ad15e0de3ea173674705fbd58d6} na comparação com o período de 2003, quando o coeficiente chegava 7,98/100 mil habitantes.

Mais comum em populações de baixa renda – desprovidas de condições adequadas de moradia, trabalho e transporte, aspectos que tendem a contribuir para a disseminação do bacilo – ainda há o agravante do estigma social e do preconceito relacionados à doença, possivelmente  a mais antiga da história da humanidade. “Os principais motivos para que a hanseníase ainda não tenha sido erradicada do país são o preconceito e a falta de informação. Por isso, o Morhan dedica-se, desde 1981, a divulgar informações qualificadas sobre como prevenir, identificar e tratar a doença”, esclarece o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio. “O medo da discriminação afasta pacientes das unidades de saúde e dificulta o diagnóstico e o tratamento da hanseníase. Por isso, a informação é o melhor remédio”, complementa Artur.

Envolvido na promoção da saúde e da cidadania de pacientes com hanseníase e seus familiares, o Morhan desenvolve um extenso trabalho na busca de reunir as famílias separadas pelo isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase e de reparar os danos causados por esta política. Um trabalho importante realizado nesta área é a mobilização para a aprovação, pela presidente Dilma Rousseff, de legislação que garanta a indenização dos filhos separados de seus pais, conforme recomendação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Artur chama a atenção para a lei federal 11.520, de 18 de setembro de 2007, que dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas ao isolamento compulsório. A indenização prevista pela lei corresponde à pensão vitalícia de R$ 750, garantia de fornecimento de próteses e realização de intervenções cirúrgicas e assistência à saúde por meio do SUS. “Porém, as medidas não se estendem aos filhos das pessoas submetidas ao isolamento compulsório. Por isso, desde 2010, o Conselho Nacional de Saúde recomenda a aprovação de uma medida provisória que estenda as ações de reparação e indenização aos filhos separados dos pais durante a fase do isolamento compulsório de pacientes com hanseníase”, ressalta o coordenador nacional do Morhan.

Para reverter este quadro, o movimento social vem promovendo audiências públicas em todos os Estados brasileiros, com o objetivo de fortalecer o debate sobre o tema e a reivindicação da medida provisória.

Sobre a hanseníase


O que é hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e pode ser paucibacilar (PB) – quando o paciente apresenta de uma a cinco manchas pelo corpo – ou multibacilar (MB) – quando são encontradas mais de cinco manchas. Quando são paucibacilares, os pacientes não transmitem a doença. Os multibacilares sem tratamento, porém, podem transmitir o bacilo através das secreções nasais ou saliva. Pacientes em tratamento regular e pessoas que já receberam alta não transmitem a doença. O período de incubação, da infecção à manifestação da doença, tem duração média de três anos e a evolução do quadro clínico depende do sistema imunológico do paciente. Por essa característica, a hanseníase é mais comum em populações de baixa renda, desprovidas de condições adequadas de moradia, trabalho e transporte que tendem a contribuir para a disseminação do bacilo da doença para um número maior de pessoas. 


Sintomas
Manchas brancas ou avermelhadas sem sensibilidade para frio, calor, dor e tato; Sensação de formigamento, dormência ou fisgadas; Aparecimento de caroços e placas pelo corpo; Dor nos nervos dos braços, mãos, pernas e pés; Diminuição da força muscular.


Diagnóstico

A identificação da doença é essencialmente clínica, feita a partir da observação da pele, de nervos periféricos e da história epidemiológica. Excepcionalmente são necessários exames laboratoriais complementares, como a baciloscopia ou biópsia cutânea.

Tratamento

A hanseníase tem cura e quando tratada em fase inicial não causa deformidades. O tratamento, denominado poliquimioterapia (PQT), é gratuito, administrado via oral e está disponível em unidades públicas de saúde de todo o Brasil. Para pacientes que apresentam a forma paucibacilar (PB) da doença, a duração do tratamento é de seis meses e para os que apresentam a forma multibacilar (MB), o tratamento dura um ano. Concluído o tratamento com regularidade, o paciente recebe alta e é considerado curado.

 

Sobre a Carretinha da Saúde

 

Unidade móvel equipada com três ambulatórios e palco para realização de atividades lúdicas, a Carretinha da Saúde vem contribuindo para a promoção da saúde e da cidadania em todo o Estado do Rio de Janeiro. Em 2012, o projeto – que é fruto de uma parceria do Morhan com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e Secretarias Municipais de Saúde, através do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS RJ) e da ONG RIOSOLIDÁRIO – recebeu o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil (ODM Brasil), concedido a iniciativas que contribuem para o cumprimento, até 2015, dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

 

SERVIÇO

Carretinha da Saúde em Itaboraí

Domingo, dia 26/01/2014, das 8h às 16h, no CIEP – 130 / Dr. Elias de Miranda Saraiva – Av. 22 de Maio s/n – Rio Várzea / Itaboraí  – RJ