Brasil será último país a eliminar hanseníase

Brasil será último país a eliminar hanseníase

Em seis meses, o Brasil será o único país do mundo que não atingiu a meta de eliminar a hanseníase, afirmou Yohei Sasakawa, embaixador da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a eliminação da hanseníase.  Segundo ele, o Nepal -que também não eliminou a doença- apresenta uma curva decrescente de prevalência, e estima-se que eles eliminarão a doença até maio de 2009.  A hanseníase é transmitida pelas vias aéreas e afeta a pele e os nervos, provocando inflamação e perda da sensibilidade. Eliminar uma doença é diferente de erradicá-la. Segundo a OMS, é considerada eliminada uma enfermidade que tenha registro de menos de um caso para cada 10 mil habitantes por ano. Este é um indicador de prevalência e leva em conta o número total de casos (novos e antigos). Erradicar a doença é não ter mais nenhum registro.  Para Sasakawa, o Brasil tem condições para eliminar a hanseníase, mas ainda “falta boa vontade”. “O país tem recursos humanos e o medicamento é grátis. O que falta é determinação para resolver definitivamente a questão. Outros países atingiram a meta, então é uma questão de honra para o Brasil eliminar a doença”, afirmou o embaixador em visita ao país na semana passada.  Eduardo Hage Carmo, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, disse que há algum tempo o país não usa mais o indicador de prevalência como critério para avaliar os casos de hanseníase, por isso, não atingiu a meta de eliminação da doença.  “Passamos a usar o indicador de detecção [que só leva em conta novos casos] como forma de acompanhamento. Hoje, nosso indicador prioritário é o de casos da doença em pessoas com menos de 15 anos. É mais fiel e mostra onde está o foco da transmissão”, avalia. Como a doença é mais comum em adultos, o fato de existirem muitos casos em crianças e adolescentes indica grande presença de bactérias na região.  “O número de casos em pessoas com menos de 15 anos caiu 11{737e4b9c673e023d1e22e6450f357635e06f8bd79cbc4321969a82ee16f45f77} entre 2006 e 2007”, diz. Em números absolutos, reduziu de 3.444 para 3.065 novos casos. Na população em geral, a redução da hanseníase foi de quase 11{737e4b9c673e023d1e22e6450f357635e06f8bd79cbc4321969a82ee16f45f77} (caiu de 44.662 para 39.321 novos diagnósticos).  Segundo o dermatologista Marcos da Cunha Lopes Virmond, presidente da SBH (Sociedade Brasileira de Hansenologia), não existe um ranking internacional com números de detecção da hanseníase. O relatório mais recente da OMS, publicado em agosto deste ano, compara os índices de detecção apenas de Brasil, Nepal e Timor Leste. “Provavelmente porque os outros países já estavam com a doença eliminada.”  Segundo o relatório, em 2005, o Brasil detectou 38.410 casos (taxa de 20,6) e em 2007 foram 39.125 novos casos (taxa de 20,45). O Nepal registrou 6.150 casos em 2005 (22,7) e 4.436 em 2007 (15,72).  Para Virmond, os números podem ser analisados de duas formas: “A taxa de detecção no Brasil é praticamente estática, com ligeira queda. Você pode achar que o país ainda tem muitos casos ou pode afirmar que mais pessoas estão sendo diagnosticadas, por isso o controle está melhor”, ponderou.  Na opinião do dermatologista Dilhermando