Com a rara presença do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, que só perdeu em aplausos para o arquiteto Oscar Niemeyer, mais de mil artistas, intelectuais e militantes reuniram-se ontem em um ato em apoio à candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, no Teatro Casa Grande, tradicional ponto de encontro e espetáculos da esquerda carioca, na zona sul do Rio. Os manifestantes entregaram à Dilma um documento com mais de 10 mil assinaturas, muitas delas de eleitores de Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), no primeiro turno. Chico Buarque fez um rápido pronunciamento com elogios à Dilma e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Essa mulher de fibra, que já passou por tudo, não tem medo de nada. Vai herdar o senso de justiça social, um marco do governo Lula, um governo que não corteja os poderosos de sempre, não despreza os sem-terra, os professores, garis. Um governo que fala de igual para igual com todos, que não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai”, disse Chico, muito aplaudido pela plateia. Antes de falar, Chico mostrou-se surpreso: “Pensei que fosse ficar apenas como papagaio de pirata do Boff”, brincou. A presença de Niemeyer, de 102 anos, que chegou em cadeira de rodas e ficou durante todo o ato público no palco, foi saudada, entre muitos outros, pelo teólogo Leonardo Boff: “Hoje pela manhã eu pedi um sinal a Deus. Se Oscar Niemeyer for ao encontro será um sinal infalível que a vitória está garantida”, contou. Neste momento, o arquiteto foi ovacionado pela plateia que gritava seu nome. Boff, citou a solidariedade como uma marca do governo Lula que será mantida por Dilma Rousseff, se for eleita. O teólogo também fez uma referência indireta à onda de informações sobre um suposto apoio de Dilma à legalização do aborto e rejeição à união civil de homossexuais. “Se com Lula a esperança venceu o medo, com Dilma a verdade vai vencer a mentira”, afirmou Boff. Em referência ao candidato do PSDB José Serra, Boff afirmou que “o projeto que se articula com a privatização e com os negócios encurta a população brasileira e não podemos permitir que ele volte”. Entre os artistas presentes estavam as cantoras Alcione e Beth Carvalho, os atores Osmar Prado e Paulo Betti, os diretores José Celso Martinez Corrêa e Ruy Guerra e os escritores Fernando Morais e Eric Nepomuceno. Foram também à manifestação, os ex-ministros Márcio Thomaz Bastos, Humberto Costa , Edson Santos e os atuais José Gomes Temporão , Nilcéa Freira e Juca Ferreira. No Teatro Casa Grande, os manifestantes viveram um clima de volta ao passado, relembrando grandes encontros de artistas em torno do petista Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido nas campanhas desde 1989 até a vitória em 2002. Dilma foi aclamada com adaptações de velhos jingles como “Olê, olê, olá, Dilma, Dilma”. Em seu discurso, Dilma procurou marcar as diferenças de sua candidatura e a de Serra: “Nós não achamos que crescimento social é uma alegoria de mão ou um anexo. É isso que nos distingue radicalmente dos nossos adversários”, afirmou. Dilma insistiu no discurso de que os tucanos retomariam o processo de privatização se voltassem ao poder. “O que está em questão nessa eleição é o que eles farão com o pré-sal e também com a Petrobrás. A Petrobrás (no governo Fernando Henrique Cardoso ) era para ser partida, esquartejada e ter suas partes vendidas”, disse. A candidata exaltou como característica do povo “a capacidade de conviver com a diversidade religiosa e racial”. “Não somos um país que desfila ódio”, discursou Dilma. A candidata disse que 28 milhões de pessoas saíram da pobreza no governo Lula. “Não é um dado que pode ser alvo de disputa eleitoral”. Além do manifesto de artistas e intelectuais, a petista Dilma Rousseff recebeu outros dois documentos de apoio à sua candidatura – um organizado por