Leite para a vida

Leite para a vida

O senador Tião Viana (PT-AC) anunciou, na semana que passou, apoio e total empenho para a implantação de um projeto que visa tornar a Casa de Acolhida Souza Araújo autossuficiente na produção de carne bovina, leite e outros produtos como iogurte, queijo e manteiga. O valor do projeto é de R$ 140 mil. Os recursos serão utilizados na aquisição de 40 matrizes de gado leiteiro para atender os 52 internos da casa. “Vou bater às portas da Caixa Econômica Federal e do Banco da Amazônia para que esses recursos sejam doados à Diocese de Rio Branco”, disse o senador, logo após se reunir com o bispo dom Joaquín Pertínez. A Souza Araújo acolhe, desde a década de 40, portadores da hanseníase. Já erradicada em países de PIB (Produto Interno Bruto) até inferiores que o Brasil, neste país a doença teima em fazer vítimas, principalmente na Amazônia, apesar do empenho do governo brasileiro para buscar sua erradicação. Lançado em 2003, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase buscava o fim da doença no fim de 2006, mas, ao que tudo indica, o objetivo ainda não foi alcançado. No Brasil, a doença ainda representa 12 por cento da endemia no mundo. No Acre, esse índice é de 9,9 casos para cada grupo de 10 mil habitantes. A Souza Araújo é mantida como parte das obras sociais da Diocese de Rio Branco para abrigar portadores de hanseníase, doença que quando não mata deixa sequelas terríveis. A colônia está situada numa área de 156 hectares, com 70{6cbf3ed2a537d7012b8bb8325faf3eaed42a1625b1580678f8ef7d8459da53a8} do território propício para, além de criação de animais, plantio de grãos, piscicultura e horticultura. “Além disso, a área permite a expansão da suinocultura e avicultura”, disse o médico veterinário João Esteves, da Secretaria de Produção e Pecuária (Seap), que ajudou a Diocese na elaboração do projeto de implantação do laticínio no local. De acordo com o veterinário, a Souza Araújo até dispõe no local de algumas vacas leiteiras, mas não atendem a demanda de leite dos internos. “As vacas fazem parte de um rebanho com características zootécnicas indefinidas. Isso implica o mau aproveitamento da área e dos animais. Os animais não servem também para o abate porque em geral estão sempre abaixo do peso”, disse Esteves. A média atual de produção diária de leite é de 3,5 litros por vaca, o que é insuficiente. O trabalho ainda é feito de forma rústica. “O que nós pretendemos, além de potencializar a produção de leite, é aproveitar o território. Temos estudos que nos asseguram a possibilidade de colocar até 12 animais por hectare. Atualmente, uma hectare comporta apenas um animal e isso não ajuda na produção de leite”, disse Esteves. Segundo ele, isso é possível com a divisão do hectare em sistema de rodízio por 30 dias. Isso significa que o animal, comendo em o pasto da área dividida, quando chegar ao último lote – aquele em que o animal comeu no primeiro dia ao de 30 dias – estará pronto para reiniciar a ração. O capim é o do tipo braquiara brizantas, o chamado “brizantão”, que vai receber proteína para garantir a sobrevivência do rebanho. Os R$ 140 mil serão utilizados na correção do solo, aragem da área, aquisição de sementes, tanque de resfriamento e ordenha mecânica. “O tanque de resfriamento permitirá que o leite que não foi consumido seja guardado para ser utilizado na fabricação de subprodutos como o queijo, iogurte e até a manteiga”, disse Esteves. “Já a ordenha mecânica, além de garantir maior higiene, permitirá até duas ordenhas por dia, já que as tetas das vacas não são machucados.”De acordo com João Esteves, o projeto também permitirá que a carne consumida pelos internos seja proveniente dos filhos das vacas leiteiras, assim que os bezerros estiverem em condições de abate. O bispo dom Joaquín Pertínez revelou que o projeto chega em boa hora porque a Souza Araújo, apesar dos investimentos q