Morhan quer encontrar filhos que foram separados dos pais

Morhan quer encontrar filhos que foram separados dos pais

Por Val Sales – valsales@pagina20.com.brO Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) busca o apoio da sociedade para atender às reivindicações dos filhos que foram separados dos pais ainda crianças e querem reencontrá-los. A mobilização está sendo feita em Cruzeiro do Sul, onde se encontra grande parte dessas famílias. Visando facilitar a comunicação, o Movimento está organizando um encontro a ser realizado na segunda quinzena de setembro, na Câmara de Vereadores do município. Na oportunidade, estarão presentes os familiares, pacientes e lideranças comunitárias, além do presidente Casa, Celso Lima Verde, que é ex-paciente de hanseníase e está garantindo apoio ao grupo. Em encontro prévio com os coordenadores do Morhan, o parlamentar enalteceu o empenho que a equipe vem tendo a mais de 30 anos na defesa das pessoas atingidas pela doença no Estado. “O alcance da Lei 11.520/07 foi um dos mais importantes avanços desta caminhada”, destaca ele, ao lembrar o trabalho que vem sendo feito na intenção de unir pais e filhos que foram separados em função da política de isolamento compulsório. “Compreendemos o quanto é irreparável a perda do vínculo familiar, mas identificamos como legítimo o reconhecimento de um direito que foi violado. Agora temos que fazer a nossa parte buscando apoio para que esta nova reivindicação seja atendida, alem de estamos juntos na luta contra o preconceito”, acrescenta. Celso Lima também a trajetória isolamento que enfrentou por ser portador de hanseníase – doença que contraiu ainda quando criança – e relata que chegou a ser impedido de estudar devido ao preconceito. Celso foi retirado pela polícia à força de uma sala de aula aos nove anos de idade, quando descobriram que ele tinha hanseníase. O ex-paciente ainda chora quando fala do sofrimento que vivenciou. “Naquela época não havia remédio para o tratamento da hanseníase e o médico Abel Pinheiro, ex-governador, receitava Melhoral (analgésico). À noite era uma gritaria muito grande. Não havia o que aliviasse a dor que a gente sentia quando os nervos retorciam nossos dedos”, acentua. Um dos coordenadores do movimento no Acre, Elson Dias, diz que o parlamentar, hoje em seu segundo mandato como vereador de Cruzeiro do Sul, fez parte do esforço de resgate da dignidade e do respeito aos pacientes. “Ele é admirado pela população não só por sua força de vontade, mas pelo bom-humor e pela facilidade com as palavras”.