MORHAN realiza encontro de filhos de vítimas da hanseníase separados dos pais em Rio Branco

MORHAN realiza encontro de filhos de vítimas da hanseníase separados dos pais em Rio Branco

O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) realiza, desde terça-feira (19), em Rio Branco (AC), o encontro de filhos das vitimas de hanseníase que foram separados compulsoriamente dos pais pelo Estado. O encontro, que acontece até quinta-feira (21), tem a participação do coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio Moreira de Souza.O Movimento quer reunir as pessoas que foram separadas de seus pais com hanseníase entre as décadas de 1930 e 1970. O movimento busca reconhecimento público e do governo federal do ?holocausto? vivido com a separação dos pais e filhos. A separação de filhos de atingidos pela hanseníase, conhecido como ?isolamento compulsório?, era imposta aos portadores da doença como forma de evitar o contágio de outras pessoas.Durante décadas, os doentes eram separados do ambiente social de forma repentina e internados em instituições fechadas, conhecidas como ?leprosários? ou hospitais-colônia. Os filhos eram levados para educandários ou orfanatos e entregues a outras famílias. Muitos desapareceram. Depois de liberados dos leprosários, muitos pais que buscaram seus filhos nunca os encontraram mais.O isolamento compulsório No Brasil, a partir de 1924, o governo federal decidiu assumir o controle da hanseníase pela internação compulsória, com base no pressuposto de que, retirando o doente das ruas ou estradas, estaria salvando a sociedade sadia. O indivíduo com suspeita da doença era caçado pela Guarda Sanitária e isolado compulsoriamente em algum hospital-colônia, na época conhecido como leprosário.As pessoas eram mantidas presas e muitas vezes nunca mais chegavam a rever seus familiares. Quando tinham filhos, as crianças eram arrancadas de seu convívio logo após o nascimento, e enviadas para educandários, de onde seguiam muitas vezes para adoção, quando sobreviviam. Diversas crianças relatam ter sofrido violência, abuso sexual e com isto deixando graves conseqüências à saúde mental.Pensão vitalícia para pacientes Após longos anos de luta contra a doença e o preconceito, os pacientes encontraram apoio no Congresso Nacional por meio da Medida Provisória 373, apresentada pelo então senador Tião Viana (atual governador do Acre). A Lei 11.520/2007 dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase e que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios até 31 de dezembro de 1986.A pensão vitalícia, atualmente de R$ 850, é paga para 6,2 mil pacientes de hanseníase em todo o Brasil, dos quais 250 no Acre. O Morhan busca agora, junto ao governo federal, o pagamento de uma indenização para os filhos que foram separados dos seus pais, pelo Estado.Agenda do coordenador nacional do Morhan no Acre  Terça-feira (19):10h – Participa da sessão na Assembléia Legislativa do Estado do Acre, onde acontece o primeiro encontro com os filhos separados pelo isolamento compulsório.16h – Palestra no salão cultural da Faculdade da Amazônia Ocidental (Faao) com os alunos do curso de Psicologia e Serviços Social.Quarta-feira (20):9h – Palestra para os Funcionários da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac).