País não atinge meta e segue com número alto de casos de hanseníase

País não atinge meta e segue com número alto de casos de hanseníase

O Brasil precisa resolver um problema e está oito anos atrasado. Em 2000, expirou o prazo estipulado pela Organização Mundial da  Saúde (OMS) para o País diminuir o número de novos casos de hanseníase para  menos de 1 por 10 mil habitantes. A data foi então adiada para 2005 e,  novamente, a meta não foi atingida. Ano passado, a incidência foi de 2,3 por 10  mil habitantes. Agora, o foco do Ministério da Saúde se volta para os menores de  15 anos, faixa etária em que foram registrados mais de 7 mil casos entre 2005 e  2006.Isso indica que a transmissão da doença continua ativa, uma vez que  tem período de incubação de três a dez anos. A hanseníase é transmitida pelo  Bacilo de Hans. O contágio ocorre pelas vias respiratórias e o tratamento com  poliquimioterápicos leva de seis meses a um ano.”Isso é novo para nós,  pois a hanseníase não é doença de jovem”, diz Maria Eugênia Noviski Gallo,  pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e assessora técnica do Programa Nacional  de Hanseníase.Em 2006, dos 47.612 casos registrados nas Américas, em  todas as faixas etárias, 44.436 ocorreram no Brasil. Um resultado que coloca o  País atrás apenas da Índia no número de novas detecções e ao lado de um grupo de  países que não conseguiram reduzir a incidência da doença para níveis  satisfatórios. Fazem parte desse grupo, além de Brasil e Índia, Angola,  República Democrática do Congo, Madagascar, Moçambique, Nepal e  Tanzânia.Fora de AlcanceDe acordo com a coordenadora do  Programa Nacional de Combate à Hanseníase, Maria Leide de Oliveira, a meta da  OMS estava fora do alcance do País. Ela prevê que isso somente aconteça por  volta de 2020. “Já sabíamos que os países mais populosos não atingiriam essa  meta em 2000”, diz Maria Leide. “A hanseníase é um legado dos países mais  pobres.”Para Maria Eugênia, mais importante do que atingir a meta da OMS  é o controle efetivo da doença. “Controlar a hanseníase não é apenas uma questão  biológica, é principalmente socioeconômica”, afirma.Na região Amazônica,  a situação é pior. Mato Grosso, Roraima, Pará, Rondônia e Maranhão são os  Estados mais endêmicos. “Os Estados que receberam fluxo migratório têm problemas  maiores”, diz a coordenadora. Em números absolutos, no entanto, o Nordeste, com  mais de 17 mil detecções em 2006, registra mais casos.De acordo com a  ex-diretora do Programa Estadual de Combate à Hanseníase de Mato Grosso, Eliane  Esperandio, as áreas de fronteiras agrícolas do Estado são as mais atingidas. No  município de Diamantino, com pouco mais de 18 mil habitantes, a incidência chega  quase a 30 casos por 10 mil habitantes. “Os migrantes que vêm trabalhar aqui têm  predisposição à doença e aqui entram em contato com o bacilo”, diz  Eliane.ReparaçãoPara os especialistas, apesar de ainda  longe das metas da OMS, o combate à hanseníase avançou no País. O alto número de  casos, segundo eles, pode indicar uma melhora na detecção da doença. Outro  avanço foi o reconhecimento pelo governo federal do direito à indenização dos  pacientes internados compulsoriamente até 1986.Uma medida provisória  assinada pelo presidente Lula em 2007 reconhece esse direito e estabelece o  valor de R$ 750 para pensão vitalícia a ser paga aos pacientes que consigam  comprovar a internação.Em setembro, uma comissão interministerial foi  criada para avaliar os