Sobre o Mal de Hansen

Sobre o Mal de Hansen

Hanseníase ou Mal de Hansen (MH), doença milenar, a primeira a qual atribuiu-se um agente infeccioso como causador, adentrou o novo milênio como uma das principais preocupações e desafios do governo que finalmente tem sinalizado para uma priorização, de fato, do problema. No Continente Asiático, Africano e Sul-americano, persiste como uma mazela, que pode representar a situação de extrema pobreza, miséria e descaso ao qual pode ser submetida uma população. Caracteriza-se por apresentar comportamento crônico e tem cura. Não leva à morte, podendo resultar, porém, em seqüelas físicas incapacitantes principalmente em decorrência do diagnóstico tardio, tendo em vista o tropismo do bacilo, o Mycobacterium leprae, por nervos periféricos, bem como por pele. De igual relevância e, irreparáveis, são as cicatrizes geradas pelo estigma e preconceito decorrentes da desinformação, percebida em todos os níveis sociais. Ainda no que diz respeito à magnitude do problema, podemos observar que países com maiores índices de prevalência destacam-se também por altos índices de pobreza, e são eles: Índia, Brasil, Moçambique, Myanmar, Nepal e Madagascar. Eles detêm mais que 80{79cc7c547c82c26ee96fc2fefb6afbdee3eadc00daef34e76e11ca91d3e5e06b} da incidência e prevalência da MH no mundo. A doença comumente manifesta-se em número menor do que 10{79cc7c547c82c26ee96fc2fefb6afbdee3eadc00daef34e76e11ca91d3e5e06b} de uma população em decorrência de fator de resistência natural, geneticamente determinado. Porém, fatores nutricionais e a exposição em ambientes de grandes aglomerados, onde se encontra o maior número de casos (situação comum na periferia dos grandes centros urbanos) constitui-se em determinantes sociais da doença. Motivo de indignação diz respeito à problemática da MH na infância, significando exposição precocemente na vida, com manifestação clínica em menores de 15 anos (em áreas com altos índices de infectividade, em decorrência da prevalência oculta). No que diz respeito à representação social e desinformação, observa-se comumente pessoas diagnosticadas tardiamente, por não terem sido oportunamente esclarecidas sobre manchas suspeitas, apontadas como outras doenças, como a Pitiríase Versicolor, manchas secundárias à exposição solar, residuais, eczemátides ou outras. No Brasil, anualmente são registrados números maiores que 40.000 novos casos. Regiões com situação considerada já controlada do ponto de vista da saúde pública, como o Rio Grande do Sul, voltam a ser motivo de preocupação por parte das autoridades. Nosso país de proporções gigantescas acorda lentamente para o problema e percebe que em áreas onde se trabalha em regime de maior alerta os números são cada vez maiores, a exemplo do Município do Recife, um dos 740 Municípios brasileiros prioritários, ou hiperendêmicos (acima de 4,5 pessoas atingidas / 10.000 hab), que devem atuar com diagnóstico ativo ou busca ativa de pessoas portadoras da doença (MH). Esta foi a cidade com maior número de casos diagnosticados no País no ano de 2004, como resultado do trabalho de busca ativa de pessoas com sinais e sintomas da doença no intervalo entre 2002 e 2005, quando se conseguiu atingir número maior que 1.100 casos diagnosticados, cerca de 15{79cc7c547c82c26ee96fc2fefb6afbdee3eadc00daef34e76e11ca91d3e5e06b} em menores de 15 anos. O resultado deixa bastante clara a necessidade de maior empenho, objetivando o diagnóstico precoce, com redução das chances de seqüela e da prevalência oculta da doença. O suprimento de medicações é fornecido pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial de Saúde (OMS). A necessidade de atenção integral, princípio do Sistema Único de Saúde (SUS), é de fundamental importância na humanização do tratamento, assim como a implementação de políticas públicas no setor saúde que considerem o comportamento epidemiológico nas diferentes regiões do País e uma mobilização social. O envolvimento do Movimento de Reintegração das pessoas atingidas pela Hanseníase (MORHAN) e de todas a