Chamar a atenção das autoridades e dos profissionais da saúde para os problemas da hanseníase na região Centro-Oeste e a necessidade de priorizar ações de controle. Esses foram os principais motivos para que o 4º Simpósio Brasileiro de Hansenologia, que aconteceu entre os dias 18 e 22 de outubro, fosse realizado na capital matogrossense, Cuiabá. Diversos especialistas falaram sobre o assunto em palestras, mesas redondas e conferências. Com uma participação de aproximadamente 250 pessoas, o Simpósio reuniu a comunidade científica e permitiu troca de experiências importantes e inovações em termo do que acontece em hanseníase atualmente. “Em Cuiabá houve uma acolhida positiva por parte da comunidade local que auxilia na divulgação da doença”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, Marcos Virmond.”O Simpósio ajudou a sensibilizar a comunidade para o problema da hanseníase na região. Os trabalhos apresentados revelam uma produção científica de muito boa qualidade em termos nacionais. Os achados desses trabalhos contribuíram para inovações e novas visões desde a área clínica até a área de genética e imunologia.” “O resultado é extremamente positivo e também serviu para demonstrar a necessidade de maior investimento em pesquisas. Todos os participantes do Simpósio aqui em Cuiabá saíram com o espírito renovado em termo de estímulo para continuar a estudar as dificuldades em torno da hanseníase”, argumenta Marcos. O professor emérito da Universidade de Amsterdã (Holanda), Pranab Kumar Das, foi o coordenador da mesa redonda Immuno response and genetics in leprosy – imunogenética da hanseníase e conta que o tema é muito importante no momento porque assim é possível saber o risco que as pessoas têm de adoecerem. Mas a pesquisa não está finalizada. Há vários pesquisadores sobre esse assunto no Brasil, como no Rio de Janeiro, Goiás e Bauru (SP), todos trabalhando em conjunto. As pesquisas sobre imunogenética são realizadas desde 1999. “Mesmo quando conseguirmos detectar será um exame muito caro, principalmente quando se está direcionado para pessoas que na maioria dos casos são extremamente pobres. Essa é outra questão que será decidida, quem vai custear esses exames?”, observa Pranab. Pesquisas de imunogenética da hanseníase devem continuar porque é uma doença que gera incapacidade e é um problema de saúde, seria um avanço significativo porque em muitos casos não se consegue fazer o diagnóstico. “Hoje, no Brasil, temos cerca de 38 mil casos novos a cada ano de hanseníase. A taxa de detecção não difere muito de épocas passadas. O Estado do Mato Grosso no ano de 2007 apresentava uma taxa de casos novos de mais de 100 pessoas com a doença por 100 mil habitantes, o que é um número muito preocupante”, destaca Marcos. Por isso ações que visam a prevenção, o tratamento e a eliminação do preconceito sempre são bem vindas.Fonte: Jornal O Documento