“Até o sono era compulsório”

“Até o sono era compulsório”

“Até o sono era compulsório”. Essa frase, que iniciou o encontro das pessoas que foram separadas dos seus pais, portadores de hanseníase, na infância e levadas aos preventórios, foi proferida por Ondiny Flausino, ao se referir aos remédios que eram dados às crianças para que dormissem e dessem menos trabalho. A reunião aconteceu no dia 9 de abril, em Ubá (MG). Eni Carajá abriu a reunião pedindo a formação da mesa com Artur Custódio, Coordenador Nacional do MORHAN; Sebastião; Coodenador do Núcleo do MORHAN local, Cordovil Neves de Souza – Vila, Vereador de Betim, Leda Vilarin, do Colegiado Nacional. Após a apresentação de um  vídeo com depoimentos de pessoas que foram separadas quando crianças, Artur fala sobre o Cadastro Nacional dos Filhos Separados, explicando que o projeto tem o apoio da OAB, parceria do Projeto Legal, e está dividido em dois grupos: os filhos levados para preventórios e os filhos deixados para trás.”Será feito um dossiê com os formulários e será entregue ao Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, para que primeiramente haja um diálogo para saber se haverá apoio do governo. Se o governo apoiar, então poderemos seguir um dos dois caminhos: uma nova lei ou uma emenda na lei 11.520. Se o governo não apoiar, o caminho será jurídico, através de uma ação cível reparatória”Cordovil, o Vila, faz uma analogia entre dois Franciscos: o Francisco Mendes e o Francisco Bacurau. “Ambos acreditaram que para vencerem os obstáculos, o caminho era a união e a mobilização”. Leda falou da sua experiência com Teresa Oliveira, em São Paulo, levando informações sobre o formulário e o projeto de indenização aos filhos separados. Sebastião, coordenador do MORHAN local agradece a presença de todos e se coloca à disposição para qualquer informação. Artur encerra a reunião comentando a questão das moradias. “Tudo tem que ser feito dentro da legalidade, a exemplo do que foi feito no Rio de Janeiro (em Curupaiti)”. O coordenador nacional propôs uma reunião com o Presidente da Fhemig para tratar do assunto.  Alguns depoimentos:“ Sou um pai que luta por justiça. Até hoje sinto em meu coração que minha filha ainda está viva. De tanto sofrer, quero justiça já”. “… Apanhávamos muito, sem saber porque e passávamos fome.” “… Meus pais nunca me deram amor e nem o carinho que eu tanto queria.” “…Tomo remédios controlados; às vezes entro em depressão. Tudo isso é pelo que passei no educandário.” “… Para mim o educandário foi uma prisão, um local de tortura.”