O artista e voluntário do MORHAN Ney Matogrosso falou sobre a situação atual da hanseníase na seção “Entrevista Coletiva”, matéria de capa do “Segundo Caderno” do jornal “O Globo”. A reportagem foi publicada no último domingo, dia 6 de dezembro. Confira, a seguir, a transcrição do trecho em que ele comenta sobre a doença:”(…) É a questão ética. E a saúde. Não sei se vocês sabem, mas sou voluntário dentro de um movimento de hanseníase e viajo pelo Brasil para fazer campanhas estaduais, já que o governo federal não faz uma campanha nacional de esclarecimento sobre a doença. A hanseníase, desde 1950, tem cura, tem remédio doado de graça por uma multinacional, e com a primeira dose você para de contaminar outras pessoas. São informações importantes, não são? O Brasil se comprometeu com a Organização Mundial de Saúde de que no ano 2000 essa doença não existiria mais em nosso país. Nós estamos em 2010, e a situação é pior. Nós somos agora o primeiro lugar no mundo e agora, para completar, o Brasil tirou o corpo fora. O Ministério da Saúde não se compromete mais com a OMS sobre a eliminação da doença. Tenho viajado pelo Brasil e tenho visto coisas tão chocantes em termos de saúde, de hospital público em nosso país. Eu nem tenho palavras para explicar, o inferno é pouco. Eu fui a hospitais aqui na Baixada Fluminense onde o povo é tratado como animal, tem uma grade de ferro na porta do hospital e um segurança bate nas pessoas”.