Caminhão para a saúde*Rio – O motivo de falar em hanseníase em meio à pandemia de gripe suína não é acaso. O Brasil é o hoje o país com o maior índice da doença no mundo; são 40 mil casos novos por ano, além de um percentual alto de pessoas com sequelas – em torno de 8{6cbf3ed2a537d7012b8bb8325faf3eaed42a1625b1580678f8ef7d8459da53a8} -, apontando para o diagnóstico tardio. E o pior: alto índice de crianças doentes, indicando que o número de infectados pelo bacilo da doença, sem tratamento, pode ser muito maior.Ao longo dos anos, iniciativas na sociedade aconteceram a partir da adoção estratégica de “caravanas”, para informar, conscientizar ou apenas para chamar a atenção sobre problemas sociais. Foi assim com a Coluna Prestes, entre 1925 e 1927, ou ainda com o projeto da Petrobras que levou o pianista Artur Moreira Lima, em um caminhão, até a população de pequenas cidades no interior.Agora, a estratégia se concentra no chamado Caminhão da Saúde, que o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), com o patrocínio da Empresa Novartis, lança para correr o País com o apoio do cantor Ney Matogrosso. É uma carreta equipada com cinco ambulatórios e um laboratório e tem objetivos múltiplos. Além de levar o atendimento a locais endêmicos de hanseníase no País que, muitas vezes, oferecem assistência médica deficitária – quando há — ou os médicos não sabem identificar os sinais e sintomas da doença – o que por si só já justificaria a ação —, é uma forma de mobilizar gestores e profissionais de saúde para o problema. A iniciativa se concentrará nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, hoje os maiores focos da doença no País, segundo o próprio Ministério da Saúde.*Por Artur Custódio Moreira, conselheiro nacional de Saúde e coordenador nacional do MORHANFonte: O Dia Online