BRASIL ASSINA ACORDO DA OMS PARA “UM MUNDO SEM HANSENÍASE”

BRASIL ASSINA ACORDO DA OMS PARA “UM MUNDO SEM HANSENÍASE”

Declaração de Bangkok para um Mundo sem Hanseníase tem adesão dos 17 países com maior incidência da doença


A hanseníase é uma doença milenar, seu processo de cura está científicamente estabelecido, mas a doença permanece com um importante desafio  à saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),  em todo o mundo, mais de 230 mil novos casos de hanseníase foram identificados no último ano. E, todos os anos,  cerca de 15 mil pessoas desenvolvem sequelas e deformidades provocadas pela doença. Para intensificar o enfrentamento da hanseníase e definir estratégias globais para alcançar a meta de erradicar a doença até 2015, a OMS promoveu, no final de julho, a Cúpula Internacional de Hanseníase – Superando os desafios restantes.

O evento, realizado de 24 a 26 de julho em Bangkok, Tailândia, reuniu ministros da Saúde dos 17 países com maior incidência da doença. O resultado é a assinatura da “Declaração de Bangkok para um Mundo sem Hanseníase”, que reitera o compromisso global com a eliminação da doença. O documento avalia a situação atual da hanseníase no mundo e reforça diretrizes globais estabelecidas em outros acordos internacionais. Uma delas é a meta global de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública, estabelecida em 1991 pela Assembléia Mundial de Saúde, em resolução que determina a redução da prevalência da hanseníase para menos de um caso por cada 10 mil habitantes. No Brasil, o índice nacional é de 1,54 novos casos por cada 10 mil habitantes. Em algumas regiões a situação é ainda mais grave: na região Centro-Oeste esse índice chega a 3,75 e na região Norte a 3,49, segundo dados do Ministério da Saúde.

O coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, ressalta que o Brasil tem um papel decisivo no esforço global para eliminação da hanseníase. “Apesar de o tratamento da hanseníase estar disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de prevalência da doença, que conta os novos casos de hanseníase na população, e o segundo lugar em termos de números absolutos. Além disso, nos últimos dez anos, 120 mil casos de deficiência em decorrência da hanseníase foram registrados no Brasil – o que poderia ter sido evitado com o tratamento adequado. Essa situação refelete o descompromisso político com o enfrentamento da hanseníase, que permanece no rol das doenças negligenciadas pelo Estado brasileiro”, avalia Artur.

Citando a a resolução da Assembleia Mundial da Saúde 2013 sobre Doenças Tropicais Negligenciadas – dentre elas, a hanseníase – a “Declaração de Bangkok para um Mundo sem Hanseníase” convoca o Estados membros da OMS a seguir o roteiro da entidade para acelerar o trabalho e superar o impacto global de tais doenças. Uma das principais recomendações é a articulação dos ministérios da Saúde com comunidades e fóruns de pessoas atingidas pela hanseníase, bem como o empoderamento político e social dessas pessoas.

Para o coordenador nacional do Morhan, a Declaração de Bangkok vem reiterar a diretriz da OMS que destaca a urgência do real compromisso de Estado para eliminação da hanseníase – sobretudo nos países onde a doença ainda é endêmica, como o Brasil. “Há três anos o Ministério da Saúde não promove campanhas efetivas para o enfrentamento da hanseníase, ignorando inclusive o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, lembrado sempre no último domingo de janeiro. A última campanha realizada pelo Ministério da Saúde, com escolares, contraria as recomendações da OMS, ao investir em uma submeta da meta nacional. Esperamos que o ministro Alexandre Padilha cumpa o compromisso estabelecido no acordo internacional e escute as reivindicações do Morhan”, destaca Artur.

Hanseníase no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, 30 mil novos casos de hanseníase foram identificados no país em 2011 – o que significa uma redução de 15{8acbc451908f27a1ce11709e6e090800a0b3786d7934afbae9a9d7bd9f01ebec} em relação ao ano anterior. Entre menores de 15 anos a redução foi de 11{8acbc451908f27a1ce11709e6e090800a0b3786d7934afbae9a9d7bd9f01ebec}. Apesar do avanço, a eliminação da hanseníase ainda é um desafio à saúde pública brasileira. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o coeficiente de prevalência da doença corresponda a menos de um caso por cada 10 mil habitantes. No Brasil, o índice nacional é de 1,54 novos casos por cada 10 mil habitantes. Em algumas regiões a situação é ainda mais grave: na região Centro-Oeste esse índice chega a 3,75 e na região Norte a 3,49, segundo dados do Ministério da Saúde.

Dados do Ministério da Saúde sobre hanseníase: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/indi_operacionais_epimieologicos_hans_br_2011.pdf