Centro de memória da saúde de SP não saiu do papel

Centro de memória da saúde de SP não saiu do papel

 Anunciado em 2006, projeto não foi aberto para visita; documentos estão encaixotados e filmes, guardados Por Fabiane Leite (O Estado de São Paulo)Escolhido para abrigar um centro de memória da saúde pública paulista, o prédio do antigo Desinfetório Central, no Bom Retiro, centro de São Paulo, continua silencioso, vazio e com documentos encaixotados ou em prateleiras recentemente atingidas por cupins. Ainda não foi aberto à comunidade o centro que funcionaria no conjunto de prédios de 1893, tombado pelo patrimônio histórico e onde há dois anos o governo estadual anunciou que funcionariam, integrados a um museu já existente, biblioteca, área para a exibição de fotos e filmes, auditório e laboratório de história oral, que guardaria depoimentos de pessoas que são parte da memória sanitária.Em 2006, a Secretaria de Estado da Saúde divulgou que a reestruturação deveria ser concluída em seis meses, incluindo reforma e investimentos orçados em R$ 4,3 milhões, além da incorporação dos documentos de outros lugares. A reforma ocorreu, mas há problemas. Recentemente o forro do prédio onde ficaria a biblioteca caiu. Não havia arquivo histórico no local. Por outro lado, o arsenal de documentos ainda está encaixotado, não foi higienizado e organizado, o que deixa funcionários temerosos em razão da possibilidade de danos. Já o acervo de mais de cem filmes continua guardado na Cinemateca, sem avaliação.A secretaria informou que houve alterações no projeto, mas não forneceu detalhes. O acesso da comunidade à documentação é com hora marcada. A busca de documentos baseia-se na memória de antigos funcionários em razão da falta de ordem. Só parte do arquivo sobre hanseníase está organizada. Até coleções particulares recebidas estão amontoadas, relataram ao Estado funcionários que não querem se identificar. Lá estão documentos do hospital psiquiátrico do Juqueri e a história de servidores da saúde, como registros de parteiras.Famílias de médicos que fizeram parte da história da saúde pública paulista têm procurado pesquisadores ou diretamente o Museu Emílio Ribas, única área ativa, para entregar materiais e dar depoimentos a respeito de sua participação no combate à tuberculose e no atendimento à colônia japonesa, por exemplo. No entanto, a unidade recusa as contribuições por não ter o próprio acervo ordenado.“Não temos notícia de seguimento do projeto e também não houve novas reuniões”, afirma Gabriel Borba, arquiteto e museólogo do Museu de Arte Contemporânea que faz parte do grupo que assessorou voluntariamente o início dos trabalhos. Borba é sobrinho bisneto do médico Emílio Ribas (1862-1925), que dirigiu o serviço sanitário do Estado e fez história no combate e estudo de doenças infecciosas, da febre amarela à tuberculose. Borba analisou o acervo no início do projeto. “Não estava em condições museológicas favoráveis. Eles tinham um barracão que dava o mínimo de garantia, mas acho que não era o ideal.”A conservadora de documentos Maria Aparecida Remédio, que também fez parte do grupo, diz que percebeu problemas nas obras. “O teto parece que tinha cupim. Na primeira chuva entrou água, mais tarde caiu um lustre ao meu lado. Depois nunca mais me chamaram para reunião.” Fonte: http://www.estado.com.b