HISTÓRICO
Em Betim, Morhan reúne Lula e beneficiários da Lei 11.520 em encontro emocionante
“Está sendo o dia mais feliz do ano”. As palavras são do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foram proferidas durante o encontro com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), que levou centenas de pessoas, inclusive beneficiários da lei 11.520, à ex-colônia Santa Izabel, em Betim (MG), nesta quarta-feira (21 de fevereiro).
Usando um boné azul do Morhan, que divulgava o nosso serviço gratuito e nacional do TeleHansen (0800 026 2001), Lula lembrou do nosso companheiro Bacurau, um dos fundadores do Morhan, e da necessidade de se jogar luz sobre a história do isolamento compulsório que perdurou até a década de 1980, no Brasil: “A sociedade brasileira precisa compreender que existe gente nesse país que viveu muitos e muitos anos em uma colônia, com moeda própria, isolada da sociedade, gente como nosso querido e saudoso Bacurau”, afirmou. O ex-presidente também lembrou que hanseníase tem cura e da importância da detecção precoce da doença, o que evita sequelas e cessa a transmissão.
De José Augusto da Silva, o Zezão, representando uma das vozes dos moradores de ex-colônias no Brasil, Lula recebeu uma homenagem: “Nós somos solidários ao senhor porque tivemos vez no seu governo. Esse povo que está aqui ganhou dignidade”, celebrou. Lula promulgou, em setembro de 2007, a Lei 11.520, estabelecendo o início do processo de reparação de direitos a partir da garantia de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas a isolamento e internação compulsórios. Em um encontro com muito espaço para a emoção e a espontaneidade, muitos outros beneficiários da lei tomaram a palavra em agradecimento ao ex-presidente.
Na condução do encontro estava Thiago Flores, da coordenação nacional do Morhan, também representada ali por Artur Custódio. Ao Morhan, Lula direcionou seu reconhecimento e reafirmou a parceria de luta em prol dos direitos das pessoas atingidas pela hanseníase.
Mensagem do Morhan para os/as voluntários/as que possuem críticas ao apoio à Lula
Considerando o momento de polarização do debate político no país e o respeito que o Morhan nutre pela autonomia de todos/as os/as voluntários/as, é importante esclarecer algumas questões sobre o encontro realizado com o Lula, uma figura pública que desperta paixões, mas também muitas críticas. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que o reconhecimento do Morhan ao legado de Lula para a nossa luta não se confude com política partidária: todos/as os/as nossos/as voluntários/as, assim como os/as integrantes da coordenação nacional, têm liberdade de filiação ao partido que acreditarem ser o melhor e também a liberdade de não ser filiado/a e nem ter atuação partidária.
Contudo, nossos 36 anos de luta pelos direitos das pessoas atingidas pela hanseníase nos habilitam a avaliar quem são as personalidades políticas que mais contribuíram para a nossa causa. E nesse âmbito é inegável o acolhimento dos mandatos de Lula à nossa luta, o único presidente que nos recebeu mesmo sem agendamento, que visitou colônias e apoiou publicamente o Morhan. Além do ato histórico de ter promulgado a lei 11.520, sobre a qual já falamos nesse texto e que teve impacto na existência de milhares de pessoas atingidas pela hanseníase no Brasil.
Assim, entendemos e acolhemos a pluralidade de expressões políticas dentro do movimento, desde que sempre atentem aos direitos humanos e aos princípios que movem nossa causa. Construir o movimento em respeito à autonomia de cada voluntário e voluntária é um posicionamento em prol da democracia. Seguimos juntos/as pela eliminação da hanseníase no Brasil!
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Foto: Geraldo Lara