Em pleno mês de conscientização sobre a hanseníase, Brasil tem falta de medicamentos para tratamento da doença

Em pleno mês de conscientização sobre a hanseníase, Brasil tem falta de medicamentos para tratamento da doença

Em pleno mês de conscientização sobre a hanseníase, Brasil tem falta de medicamentos para tratamento da doença

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Relatos recebidos por movimento de pessoas afetadas pela doença mostram que o problema é generalizado e atinge várias regiões do país. Um ato nacional será realizado no dia 26 de janeiro

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Esse mês é conhecido como Janeiro Roxo porque marca a realização de campanhas em todo o mundo chamando a atenção para a hanseníase. O último domingo do mês é o Dia Mundial das pessoas atingidas pela Hanseníase e o Dia Nacional de luta contra a doença. No Brasil, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) denuncia o agravamento da falta de PQT – o medicamento utilizado para tratamento da doença que deveria ser disponibilizado gratuitamente no SUS a partir do diagnóstico.

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“Como em todos os anos, estamos fazendo ações de conscientização sobre a doença e sobre a importância do tratamento. Mas, em muitos estados, se a pessoa for diagnosticada hoje com hanseníase, ela não vai ter acesso à medicação por conta da crise de abastecimento que afeta o país” alerta o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio. Ele informa ainda que em vários municípios a falta de medicamentos já está interrompendo o tratamento farmacológico de pessoas.

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“Três meses de atraso. Preciso da medição pro meu filho!!”

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Desde o dia 7 de janeiro, o Morhan está recebendo, por meio do formuláriohttp://bit.ly/FaltaMedicamentoHanseníase, relatos sobre os impactos da falta de medicação, enviados por pessoas em tratamento, familiares e profissionais de Saúde. “Em cinco dias, recebemos relatos de 14 estados, nas regiões Sudeste (RJ, SP, MG e ES), Centro-Oeste (MT e GO), Norte (AM e AC) e Nordeste (MA, PE, BA, PB, CE, AL). As histórias são alarmantes e exigem urgência na solução desse problema”, conta o vice-coordenador nacional do Morhan, Faustino Pinto. Os dados estão sendo encaminhados à Defensoria Pública da União, que mantém o Observatório de Direitos Humanos e Hanseníase, e ao Ministério Público Federal, que está com inquérito civil em andamento a respeito da falta de medicações no país.

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Trechos de alguns relatos já recebidos:

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(profissional de saúde – NORDESTE) – Os pacientes vêm pegar medicação e não tem. Às vezes, são pessoas já no último mês de tratamento. Muitos são casos novos multibacilares. É angustiante para os pacientes e para os profissionais que não tem como ajudar, sentem-se impotentes por isso e por terem ciência do risco desses pacientes não tratados, para eles e para a coletividade.

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(familiar de pessoa com hanseníase – SUDESTE) – Três meses de atraso. Preciso da medição pro meu filho!!

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(pessoa que está em tratamento para hanseníase – CENTRO-OESTE) – Já tem 30 dias de atraso. Estou no início do tratamento, seria minha terceira dose. Sinto muitas dores, não consigo ficar em pé por muito tempo pois tenho muitas dores nas pernas e nos pés (…) Não durmo direito (…) Tudo muito triste, fora o preconceito das pessoas… 

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(pessoa diagnosticada com hanseníase – NORDESTE) – Tentamos e almejamos muito começar o tratamento, mas não chegou remédio! São QUATRO PESSOAS em nossa casa… Meu pai já está com problemas sérios na sensibilidade, minha mãe tem dedos tortos, minha irmã que é enfermeira não conseguiu iniciar o tratamento, eu estou com dormência corriqueira. Não sabemos o que fazer. Não é possível comprar… estamos preocupados.

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(familiar de pessoa com hanseníase – NORDESTE) – Com o diagnóstico positivo no dia 22 de Dezembro de 2020, sem entender da doença, mas com a consciência que é grave e que já está em um estado avançado (…) Nos deparamos com a falta de medicamentos para iniciar o tratamento. Estamos nos sentido sem chão. Incapacitados. Paralisados. Enfim, estamos impotentes diante dessa situação, estamos desassistidos. ( socooooorro!..)

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A campanha do movimento pede: “Se você, seu familiar ou o usuário do serviço de saúde onde você trabalha está sem medicamentos, conta pra gente”. O formulário pode ser preenchido no link:http://bit.ly/FaltaMedicamentoHanseníase

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Ato nacional vai mobilizar pessoas afetadas pela crise para denunciar a situação

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O Brasil é o país com o maior número de casos novos proporcionais de hanseníase no mundo. Em 2019, o país registrou 27,8 mil novos casos da doença, o que representa uma taxa de 13 novos casos a cada cem mil habitantes, bem acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, cenário que exige a ampliação dos esforços para controle e eliminação da doença. “Em 2020 houve o problema adicional do subdiagnóstico: com a desorganização dos serviços de saúde pela pandemia de COVID-19, o Brasil registrou muito menos diagnósticos de hanseníase do que deveria”, alerta Artur Custódio.

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O movimento está convocando um ato nacional no dia 26 de janeiro a partir das 18 horas, com participação de voluntários de todo o país, profissionais e usuários de serviços de saúde afetados pela crise e ativistas e artistas apoiadores da causa. Com o lema “Hanseníase: Falta de medicação também é discriminação”, o ato quer visibilizar os impactos da crise de abastecimento de medicamentos para hanseníase que o Brasil está sofrendo e reivindicar uma solução definitiva para o problema.

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A mobilização poderá ser assistida em youtube.com/MorhanComunicação e facebook.com/Morhan.Nacional