Favelas se distribuem no antigo colônia Antônio Justa

Favelas se distribuem no antigo colônia Antônio Justa

Foi-se o tempo que a Colônia Antônio Justa, lugar que reunia portadores de hanseníase, era recanto segregado e evitado pela população sadia. Hoje, ao contrário, reúne um conjunto de invasões, em que o novo problema é o número de doentes ocasionado pela insalubridade.Vencido o preconceito contra a hanseníase, a Comunidade de Antônio Justa não tem parado de receber novos ocupantes, que se instalam em terras onde “ foram concebidas para ter seis milhões de metros cúbicos de cana-de-açúcar”, como atestam documentos da década de 1940, quando a Colônia foi inaugurada.Segundo a médica Vânia Benevides Montenegro, que está à frente da única equipe do Programa de Saúde da Família (PSF) para a comunidade, estima-se em quase duas mil famílias residem ali.“Nós chegamos aqui em 2002 e não havia casas, além daquelas que reuniam os portadores da doença e familiares. Hoje, as ocupações tomaram conta da Colônia e de seu entorno”, afirmou a médica.No entanto, para ela, o mais difícil é manter um cadastro dos residentes. O último registro somava cerca de 930 famílias, mas ela crê que atualmente esse número beira o triplo.Com isso, são visíveis os sinais da desordem na ocupação do espaço. Embora não haja o temor do contágio pela hanseníase, que se dá através de vias aéreas, há a insalubridade das instalações onde as pessoas passaram a residir.Exemplo disso, acontece no antigo refeitório. No momento, o equipamento reúne cerca de 10 famílias, que estão separadas em compartimentos improvisados. O lugar é escuro e a água é retirada de um poço, onde também há sempre lama.O antigo refeitório fica em frente ao hospital, que ainda mantém internado 18 pacientes com seqüelas, mas não apresentam risco de disseminação da hanseníase.De acordo com o diretor do Centro de Convivência Antônio Justa, Airton Cirino, não há porque temer o contágio, uma vez que a doença não é mais transmissível pelos internos.No entanto, Cirino atesta que Maracanaú permanece sendo uma região endêmica da doença, assim como também é Redenção, onde está outro centro de convivência.O secretário de Saúde de Maracanaú, Edson Evangelista, nega que haja no momento necessidade de se ampliar o número de equipes do PSF na área da antiga Colônia.Segundo Edson, o atual posto foi inaugurado há um mês, e vem atendendo as famílias cadastradas, que estão dentro do perfil preconizado pelo Ministério da Saúde.O secretário reconhece que é difícil precisar o número de ocupantes na Colônia. A dimensão da área não é exata nos registros municipais. Envolve tanto terras da União, quanto do Estado. “Nós estamos fazendo um trabalho de cadastro e deveremos atender aqueles que estão com maiores dificuldades de atendimento pelas equipes de saúde”, prometeu Edson. O Município administra a Unidade do PSF e o Estado o Centro de Convivência. Fonte: Diário do Nordeste