MORHAN: fim do preconceito

MORHAN: fim do preconceito

Entre os membros que compõem o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) é difícil não se deparar com uma história emocionante, que tem um começo duro, de isolamento e discriminação, e um final satisfatório, de superação e resgate da auto-estima.Esse é o papel do Morhan, entidade que existe no Acre há 25 anos. Tornar uma história de tristezas em vitórias tem sido uma atividade muito positiva, segundo o coordenador da entidade, Élson Dias. “O Morhan devolveu a auto-estima dos ex-hansenianos e fez com que eles passassem a ser respeitados no Estado”, destacou.Élson Dias está à frente do movimento desde o dia 1º março, quando nova eleição foi realizada para a escolha de uma chapa. Ele conta que, a partir deste ano, muitas ações deverão ser intensificadas, a fim de que os membros sejam beneficiados, assim como o restante da população, que uma vez ou outra registra novos casos de hanseníase sem ao menos saber que se trata da doença.Um dos voluntários, o médico dermatologista Paulo César, garante que todos os municípios acreanos serão visitados este ano com atendimentos médicos para o diagnóstico de hanseníase.“É necessário que tenhamos essa preocupação, pois muitas pessoas que sofrem com doença de pele não sabem que podem estar com hanseníase. Essa doença pode ter 100{737e4b9c673e023d1e22e6450f357635e06f8bd79cbc4321969a82ee16f45f77} de cura se for tratada, mas, se não for, pode trazer graves conseqüências”, destacou.A hanseníase pode se manifestar por meio de uma ou mais lesões ou manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, em qualquer parte do corpo. Essas manchas ou lesões são dormentes (sem sensibilidade, anestesiadas). Na maioria das vezes as pessoas nem notam essas manchas porque elas não coçam, não doem, não pegam pó, portanto não incomodam.O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica médica e por vezes do profissional que avalia a condição dos nervos periféricos com aplicação de testes de sensibilidade, força motora e palpação dos nervos dos braços, pernas e olhos. Essas avaliações são sempre mais importantes que qualquer exame de laboratório.O tratamento é gratuito e ambulatorial, não necessitando de internação hospitalar, exceto em caso de complicações. Os medicamentos são fornecidos pelos diversos locais autorizados (unidades sanitárias, centros de referência, hospitais-escola).“Ainda bem que hoje existe o Morhan para atender a população e deixá-la tranqüila quanto ao tratamento da doença. No tempo que eu tive a doença, fui abandonado pela família em uma colônia [hospital isolado da cidade] para fazer tratamento. Sofri muito com o isolamento e ainda não tive um tratamento adequado, tanto que tenho os dedos mutilados pela doença”, disse o vice-coordenador do movimento, José Gomes da Silva.A nova coordenação do Morhan avisa às pessoas que quiserem ser voluntárias no movimento que as ajudas são sempre bem-vindas. E as pessoas que tiverem interesse de entender um pouco mais sobre o trabalho da entidade no Acre, bem como sobre a manifestação da doença, podem procurar a entidade, que fica na rua Quintino Bocaiúva, Centro. O telefone para contato é (68) 3223-0140.O que é e para que serveO Morhan é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 6 de junho de 1981, com sede administrativa no Rio de Janeiro, presente aproximadamente em 100 comunidades pelo Brasil. A entidade depende única e exclusivamente do trabalho voluntário de seus colaboradores. Não é uma entidade assistencial. O trabalho é feito por pacientes, ex-pacientes e pessoas interessadas no combate ao preconceito em torno da doença.Sua atividade é dirigida a toda a sociedade. O Morhan faz, através de seus núcleos espalhados pelo país, reuniões nos centros de saúde, palestras e teatro de fantoches em escolas, associações, sindicatos, centros comunitários, movimentos e igrejas. Essas atividades são realizadas gratuitamente, sem ônus de qualquer espécie para o interessado.