Cerca de 400 pessoas participaram do encontro dos filhos de pessoas atingidas pela hanseníase, separados compulsoriamente de seus pais, levados para preventórios ou para o convívio de outras famílias, realizado em Santa Izabel – Betim/MG. Artur Custódio relatou aos presentes que o MORHAN está empreendendo levantamento, a nível nacional, dos filhos que foram separados. Com estes dados será feito um dossiê para ser apresentado às lideranças políticas. “Estamos aqui para nos unir e lutarmos juntos. A Lei 11.520, assinada pelo presidente Lula, começou assim”, afirmou Artur. O coordenador lembrou ainda que é necessário dar visibilidade à causa. “É importante que não tenhamos vergonha de nossa história, o Brasil de 40/50 anos atrás é que tem que ter vergonha do que fizeram conosco”. Também participou do encontro a diretora da Pupileira Ernani Agrícola, creche em que eram encaminhados os filhos dos hansenianos de Santa Izabel. Gabriela declarou apoio ao movimento. “Conhecer sua própria história é um direito. Nossos arquivos estão abertos para quem quiser visitar.” Maria Luiza Silva, ex-moradora do Preventório São Tarcísio, lembrou os difíceis momentos no educandário, mas comemora a união do grupo. “Dinheiro nenhum paga o que passamos. O que queríamos mesmo era o amor de pai e mãe. Fiquei com muitas seqüelas, ainda hoje sofro de depressão. Mas hoje estou muito feliz de rever estes meus irmãos.” Outra moradora lembrou que não podiam sequer se aproximar dos pais. “Víamos nossos pais de longe, através de uma grade. Não podíamos encostar nem no dinheiro que nossa a mãe nos dava. Fomos muito humilhados, apanhávamos muito e passávamos fome.” Maria das Dores Moreira declarou que existia ainda preconceito racial. “Nós, negras, usávamos apenas sapatos velhos e roupas rasgadas. Hoje, agradecemos ao MORHAN por estar ajudando os filhos dos doentes.” O encontro teve grande repercussão na imprensa local.