Pesquisa investiga hanseníase nos índios Tapeba

Pesquisa investiga hanseníase nos índios Tapeba

A primeira fase da pesquisa que investiga casos de hanseníase em índios tapeba, realizada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e Universidade de Fortaleza (Unifor) já detectou quatro casos de suspeita de portadores da doença. De acordo com a assistente social e técnica da Coordenação Estadual de Hanseníase, Gerlania Martins, dos 300 estudantes investigados, 64 tinham algum problema de pele. A estimativa é que, na próxima semana, tenha-se a confirmação pelo resultado dos testes laboratoriais.Segundo o jornal “Diário do Nordeste”, a pesquisa teve início no último dia 4/10 e acontecerá até o fim do tratamento dos portadores de hanseníase. Após a confirmação do diagnósticos, as crianças e adolescentes infectados serão encaminhados para o tratamento com uma equipe do Programa Saúde da Família (PSF), do Governo Federal.Além dos exames, foram realizadas palestras, apresentações teatrais e reuniões explicativas sobre a doença para os indígenas. “Eles aceitaram muito bem a proposta. Fomos muito bem recebidos e estaremos acompanhando os casos que deram positivos junto à Coordenação de Saúde Indígena”, garante a assistente social, em matéria publicada pelo jornal no dia 18 de outubro.A pesquisa faz parte de um planejamento de ações da Sesa e do Governo Federal para reduzir a incidência dos casos da moléstia no país. A assistente social explicou que dentro desse plano, o trabalho com grupos específicos, como indígenas, presidiários e mulheres é uma das prioridades. O objetivo é alcançar a meta de menos de um caso por 10 mil habitantes no Ceará até 2010. Atualmente, o Estado tem a marca de 2,64 casos por 10 mil habitantes.A relevância do trabalho é enfocar a informação como principal agente de mudança. Segundo Gerlânia Martins, a fase de mobilização, sensibilização e transmissão de informações é fundamental para que se consiga o diagnóstico precoce. Por isso os alvos foram crianças e adolescentes em idade escolar. Quanto mais cedo diagnosticada, mais fácil será tratada e com menos prejuízos ficará o paciente.A decisão por começar com Caucaia levou em consideração que o Município faz parte da lista de municípios prioritários, responsáveis por 60{79cc7c547c82c26ee96fc2fefb6afbdee3eadc00daef34e76e11ca91d3e5e06b} dos casos no Estado, entre eles: Iguatu, Sobral, Juazeiro do Norte, Crato, Maracanaú, Fortaleza e Caucaia. O alto índice de prevalência nesses locais coloca o Ceará em quarto lugar entre os estados do Nordeste com maior incidência da doença. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial em prevalência de hanseníase (casos novos e antigos) e em detecção da doença (casos novos).Além disso, a pesquisa se apresenta como uma iniciativa pioneira no Estado. Tanto, que o estudo servirá também de análise situacional da doença entre a comunidade. “É preciso deixar claro que não está acontecendo surto de hanseníase nos indígenas. O que está acontecendo é que nós estamos averiguando a situação”, ressalta.Entre os fatores que teriam influência no aparecimento da moléstia está a deficiência-proteico calórica, falta de higiene e miséria em geral. A doença é considerada endêmica em todos os estados e macroregiões do país. No entanto, os coeficientes de prevalência e detecção apresentam grandes variações em todo o território nacional. Mesmo com a existência de 1 milhão de pacientes em registro ativo no mundo, especialistas acreditam que o número pode estar subestimado.