MORHAN PRESENTE n Em Cuiabá, Fórum discute demandas para combate integrado da hanseníase, doença de Chagas, leishmaniose e hepatites virais n n Movimentos sociais se reuniram em evento no estado de Mato Grosso para articular ações conjuntas de enfrentamento às doenças negligenciadas. Confira a “Carta de Cuiabá” n n O Movimento Nacional de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) participou, de 27 a 30 de agosto, do 53º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), em Cuiabá, integrando a comitiva do Fórum de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas, do qual faz parte. n n Além da reunião do Fórum durante a programação, o vice-coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, participou da mesa sobre Comunicação e Saúde, que discutiu a relação dos meios de comunicação e os determinantes sociais da saúde. n n O Morhan também se reuniu com a Fetagri-MT (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Mato Grosso) para traçar estratégias de combate à hanseníase em assentamentos de Campo Verde. Custódio e a voluntária Rosa Maria, do Ceará, representaram o movimento na reunião. Saiba mais sobre esta agenda aqui. n n O Fórum no MedTrop n Na reunião do Fórum de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas, os representantes dos movimentos de diversos estados trocaram experiências sobre as doenças e partilharam atividades no Brasil na luta pelos direitos dos usuários. O objetivo foi pensar em demandas comuns para as diferentes doenças, como a necessidade de notificação compulsória de casos para melhor conhecimento dos problemas, comunicação colaborativa dos movimentos e alternativas de suporte econômico para as ações. n n O trabalho em rede também busca sensibilizar os governos para um olhar voltado às populações negligenciadas e atingidas pelas doenças relacionadas à pobreza. Uma das discussões foi a favor de um projeto de lei para a instituição de uma semana nacional de conscientização sobre as doenças negligenciadas, espaço que permite maior mobilização pelas necessidades básicas dos pacientes. Os participantes fizeram abaixo-assinado por esta iniciativa durante a reunião, além de debater a articulação para criar datas alusivas a cada uma das doenças no Brasil. n n Também foi defendido que os movimentos tenham representação nos Conselhos municipais de saúde. Os participantes afirmaram ainda a importância de agir como um controle social das políticas públicas e de se unir em defesa do sistema público de saúde, principalmente no fortalecimento da atenção básica. Durante o encontro, foi formado grupo de trabalho para elaboração de documento com as principais demandas discutidas na reunião e encaminhamentos a serem levados ao Ministério da Saúde. n n A Carta de Cuiabá foi lida durante a cerimônia de abertura do 53º MedTrop. Confira a íntegra: n n Carta de Cuiabá n “A defesa do SUS e o enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas” n n O Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, reunidos na 33ª Reunião Anual de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e 21ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses, inseridas no 53o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical em Cuiabá manifestam preocupação com: n n A saúde é um direito de todos e um dever do Estado consoante o artigo 196 da Constituição Federal de 1988, mas não vem sendo colocado em prática. Em pleno século XXI pessoas com leishmanioses, doença de Chagas, hanseníase, tuberculose, filarioses, hepatites virais, HIV/AIDS, verminoses entre tantas outras doenças infecciosas e negligenciadas ainda se percebam invisíveis na atenção básica e especializada do SUS, precisando de mais políticas concretas de busca ativa, acolhimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Os indivíduos afetados por estas doenças muitas vezes permanecem invisíveis para o gestor e não são considerados na definição de pauta para a priorização de resposta a estas doenças. n n O Brasil é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos países no mundo com maior número de doenças tropicais negligenciadas e infecciosas persistentes e pessoas por elas afetadas. Cabe ressaltar que o Brasil é signatário dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas 2016-2030, cujo objetivo 3.3 é o controle de doenças tropicais negligenciadas, HIV, tuberculose e malária. n n Dentre os inúmeros desafios que existem na saúde pública Brasileira, as doenças negligenciadas assumem um papel prioritário e moral no avanço de uma sociedade. Doenças que já poderiam ter sido controladas, permanecem produzindo sofrimentos, sequelas e estigmas aos seus portadores e familiares, muito disso fruto de uma invisibilidade e preconceito institucional e político. Continua sendo um desafio a redução das vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas. n n Essa realidade precisa ser encarada com muita determinação e talvez não fosse tão séria se o tripé promoção, proteção e recuperação da saúde fosse mais integrado. Além disso, nos municípios brasileiros existem problemas crônicos referentes aos determinantes sociais da saúde – em especial renda, educação, moradia e saneamento. n Esses desafios nos levam a conclamar toda sociedade para: n 1. Reforçar o papel do Fórum na defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o direito à saúde, intensificando a mobilização contra o sub-financiamento da saúde, enfraquecimento da rede de atenção à saúde, em especial a atenção básica, e baixo incentivo à política nacional de pesquisa e inovação; n 2. Integrar os núcleos de vigilância em saúde com o objetivo de fortalecer o enfrentamento conjunto às doenças negligenciadas; n 3. Promover a articulação entre os Ministérios da Saúde e Educação para o desenvolvimento de competências curriculares mais sensíveis às necessidades das pessoas acometidas pelas doenças negligenciadas; n 4. Fortalecer a qualificação adequada dos profissionais de saúde fomentando a criação de abordagens e protocolos baseados na atenção integral com foco no acolhimento atendimento humanizado e escuta qualificada, inclusive em saúde mental; n 5. Lutar pela ampliação do orçamento dedicado às políticas públicas para enfrentamento dos determinantes sociais de saúde; n 6. Comprometer recursos para pesquisa e inovação, fomentando a capacidade nacional para desenvolvimento de tecnologias de saúde com foco no acesso universal e nas necessidades das pessoas afetadas; n 7. Promover educação, comunicação,